São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Um cara famoso me pagou uma cerveja

(Você não devia estar lendo esta coluna, e sim brincando o Carnaval. Mas vamos lá).
Numa escala de zero a dez de espetacularidade feminina, as três suecas que enfrentam o frio na minha frente, na fila, ganham notas 12, dez e... seis. Assim que entramos, a 12 e a dez são fortemente cantadas pelos malacos do lugar. A nota seis fica de lado, sem jeito.
Sei como ela se sente.
O lugar é o Clube de Artes de Notting Hill, Londres, semana passada. Movido por um instinto autodestrutivo, baixei na Death Disco, a noite grátis que Alan McGee, figura lendária, faz às quartas.
McGee é o fundador do selo Creation. Descobriu Jesus and Mary Chain, Oasis etc.
Torci muito para McGee estar lá. Queria: 1) saber que tipo de som ele toca; 2) não ser o mais velho do pedaço.
Mas, quando desci as escadas até os dois salões apertados, quem pilotava o som era outro cara. Nas caixas, "Help", dos Beatles. Na pista, indies multinacionais e um prego: APJ.
Fui até o bar de balcão redondo e lá estava Alan McGee (pelo menos acho que era). Eu ia pedir uma cerveja jamaicana Red Stripe (única disponível), quando McGee colou. "Beleza? Estou te achando com cara de preocupado". "Tudo beleza", respondi.
"Não esquenta", aliviou o gringo. "Também passo o tempo todo com a cara assim."
Mais alguns minutos e o descobridor do Oasis se ligou que ninguém me atendia. "Vai beber o quê?". "Uma Red Stripe". "Deixa que eu cato, e é por minha conta."
Não fosse eu um sujeito sem papo, daria até para engatar uma conversa. Deixei quieto.
McGee, ou o cara que identifiquei como tal, zarpou. Depois, também me mandei.
As suecas, é claro, ficaram. Na doideira da madrugada glacial, até a nota seis tinha se arrumado.


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