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Três "entrevistas" com três "supergênios" do Brasil
Entrevista do diretor de cinema David Fincher a uma revista inglesa.
Revista - A maioria de seus filmes traz uma espécie de mensagem subjacente, mas "Quarto
do Pânico" é só um thriller. Você não quis arriscar?
David Fincher - (...) Tudo bem, não é mesmo
um filme sobre pessoas ou problemas reais. É
sobre convenções de thrillers e de suspense. O
espectador encontra uma mulher, ela visita
uma casa, compra-a no mesmo dia e, na cena
seguinte, três caras já a invadem. Sabe como é,
isso não é vida real. Vamos ser honestos, não é
Bergman [alusão a Ingmar Bergman, diretor
de clássicos como "O Ovo da Serpente" e
"Morangos Silvestres]".
Além de "Quarto do Pânico", Fincher dirigiu "apenas" "Clube da Luta", "Seven - Os Sete Pecados Capitais"
e "Alien -3". Ainda
assim, é capaz de
uma resposta honesta como a que você
leu acima.
Imagine, agora, a
questão parecida a
alguns "gênios" brasileiros. Veja como
eles responderiam:
Pergunta - Carlinhos Brown, a maioria de seus
discos trazia uma espécie de mensagem, mas
este último parece mais comercial, feito para
vender. Você não quis arriscar?
Carlinhos Brown - A transcontemporaneidade do fator interétnico nos acordes globais é
irreversível, só não enxerga quem não quer.
Diante de uma retropotencialização de elementos afromultinacionais, arquitetei o batuque do balaco, o megatambor pulsante que
nos projeta acima da velocidade da luz, rumo
a um idílio sonoro-musical junto de Zeus,
Ogum, Ganesh e outras divindades de uma
era centrada no cyberCandial.
Pergunta - Caetano Veloso, a maioria de seus
discos trazia uma espécie de mensagem, mas
este último parece mais comercial, feito para
vender. Você não quis arriscar?
Caetano Veloso - Quem é você para me fazer essa pergunta? Sabe quem eu sou? Se
não fosse por mim, não haveria indústria
fonográfica no Brasil! Eu e Gilberto Gil
afrontamos o monolítico establishment
cultural brasileiro com a tropicália, criada
por NÓS. Não há solução possível para
uma estética genuinamente brasileira,
além dos parâmetros fixados por MIM. Vá
dizer ao imbecil de seu chefe que ele planejou essa pergunta para me destruir, mas
que EU sou mais forte e eterno, e ele que se
coloque no seu lugar. Canalha!
Pergunta - Arnaldo Antunes, a maioria de seus
discos trazia uma espécie de mensagem, mas
este último parece mais comercial, feito para
vender. Você não quis arriscar?
Arnaldo Antunes - Venda. Vivenda. (Vi)venda. Para re-vender. Vencer. Con-vencer. (Con-m)vencer. (Sem)vencer. Quem vence a convenção? Não convém
vender. Vencer a convenção. Quem?
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