São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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GERAÇÃO C

Adolescentes vivem pendurados nos seus celulares e já são o principal filão do mercado

Olha quem está falando

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você é daqueles que adoram consumir horas do seu dia ao telefone, ter um celular é sinônimo de poder e independência. Você pode sair de casa sem que seus pais morram de preocupação, já que eles podem encontrá-lo onde quer que você esteja. E, melhor, pode conversar livremente -ou até a próxima conta chegar- quando e com quem quiser, sem que ninguém controle os minutos da sua ligação ou escute seus segredos preciosos pela extensão. Só que, além de ser uma aliada, a tecnologia dos telefones celulares é escravizadora e perigosa.
Primeiro, porque só não corre risco de ter o celular roubado quem não tem um, apesar de haver alguns modelos mais cobiçados que outros (veja quadro acima).
Depois, porque o celular pode fazer de você uma pessoa obcecada por contato e corromper sua privacidade. O aparelho ainda suga seu dinheiro em minutos acumulados de falação -que você acha impossível diminuir- e é extremamente inoportuno. Desligá-lo, sim, seria um exercício de libertação. Mas será que você consegue?

Fetiche
João Paulo Lopes, 13, não. Já levou advertência na aula de história depois de uma chamada que nem atendeu e foi vaiado no cinema por causa de um mísero toque. "Nem me importei", desdenha. "Agora, coloco o telefone no modo vibrador, mas não desligo", admite. "Não consigo sair de casa sem ele. Celular vicia."
Marina Coutinho, 13, também reconhece sua obsessão. "Deixo meu celular ligado o tempo todo. Não consigo largá-lo. Minha mãe vive falando que estou fanática pelo meu telefone celular."
Desde os anos 90, quando os celulares começaram a se popularizar, o Brasil contabiliza cerca de 30 milhões de aparelhos em funcionamento. Segundo empresas da área, como a BCP e a Telesp Celular, os jovens já representam de 10% a 20% desse mercado.
O filão é um dos principais focos das campanhas de operadoras e fabricantes de aparelhos. "Entre os consumidores brasileiros que têm condições de ter um aparelho celular e ainda não o têm, 50% são jovens", confirma Luis Avilar, 48, vice-presidente de marketing da Telesp Celular. "Nossa nova campanha é voltada exclusivamente aos jovens", completa.
Para controlar a língua da moçada na marra, muitos pais optam por dar aos filhos telefones pré-pagos.
"O adolescente fala mais ao telefone. Esse público recarrega o celular com até R$ 50 a cada três meses, que é um gasto médio superior ao de nosso cliente padrão", avisa Raquel Costa, 32, gerente de marketing da BCP. Haja assunto.


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