|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GERAÇÃO C
Adolescentes vivem pendurados nos seus celulares e já são o principal filão do mercado
Olha quem está falando
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você é daqueles que adoram consumir horas do seu dia ao telefone, ter
um celular é sinônimo de poder e independência. Você pode sair de casa sem
que seus pais morram de preocupação,
já que eles podem encontrá-lo onde quer
que você esteja. E, melhor, pode conversar livremente -ou até a próxima conta
chegar- quando e com quem quiser,
sem que ninguém controle os minutos
da sua ligação ou escute seus segredos
preciosos pela extensão. Só que, além de
ser uma aliada, a tecnologia dos telefones
celulares é escravizadora e perigosa.
Primeiro, porque só não corre risco de
ter o celular roubado quem não tem um,
apesar de haver alguns modelos mais cobiçados que outros (veja quadro acima).
Depois, porque o celular pode fazer de
você uma pessoa obcecada por contato e
corromper sua privacidade. O aparelho
ainda suga seu dinheiro em minutos
acumulados de falação -que você acha
impossível diminuir- e é extremamente inoportuno. Desligá-lo, sim, seria um
exercício de libertação. Mas será que você consegue?
Fetiche
João Paulo Lopes, 13, não. Já levou advertência na aula de história depois de
uma chamada que nem atendeu e foi
vaiado no cinema por causa de um mísero toque. "Nem me importei", desdenha.
"Agora, coloco o telefone no modo vibrador, mas não desligo", admite. "Não consigo sair de casa sem ele. Celular vicia."
Marina Coutinho, 13, também reconhece sua obsessão. "Deixo meu celular
ligado o tempo todo. Não consigo largá-lo. Minha mãe vive falando que estou fanática pelo meu telefone celular."
Desde os anos 90, quando os celulares
começaram a se popularizar, o Brasil
contabiliza cerca de 30 milhões de aparelhos em funcionamento. Segundo empresas da área, como a BCP e a Telesp Celular, os jovens já representam de 10% a
20% desse mercado.
O filão é um dos principais focos das
campanhas de operadoras e fabricantes
de aparelhos. "Entre os consumidores
brasileiros que têm condições de ter um
aparelho celular e ainda não o têm, 50%
são jovens", confirma Luis Avilar, 48, vice-presidente de marketing da Telesp Celular. "Nossa nova campanha é voltada
exclusivamente aos jovens", completa.
Para controlar a língua da moçada na
marra, muitos pais optam por dar aos filhos telefones pré-pagos.
"O adolescente fala mais ao telefone.
Esse público recarrega o celular com até
R$ 50 a cada três meses, que é um gasto
médio superior ao de nosso cliente padrão", avisa Raquel Costa, 32, gerente de
marketing da BCP. Haja assunto.
Texto Anterior: Música: Última chamada para os festivais Próximo Texto: Celular vira radar ambulante Índice
|