Ficou no fundo da nossa memória o conjunto de figuras lendárias que nos embalaram e depois sumiram de nossa vida. A Cuca, o Bicho-Papão, o Velho do Saco, o Boi da Cara Preta. Nós entramos em contato com eles na infância, dormimos pensando neles.
Ninguém jamais os fotografou, mas todos os conhecem. Ou conheciam. Parece que hoje, por causa da tendência racionalista de reduzir tudo a idéias explicáveis, as crianças não são mais expostas a essas figuras. Essa é a suspeita do psicanalista Mário Corso, que notou a falta dessas referências. Mais ainda: por seu apreço pela cultura brasileira e por Monteiro Lobato, retomou as histórias daquelas entidades, responsáveis por tanto encantamento em nossas vidas. Daí sua idéia, já transformada em livro, com um título trocadilhesco que cai bem: "Monstruário - Inventário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros".
Olhe o argumento do autor: os bebês sofrem sem saber por que (a propósito: também os adolescentes e mesmo os adultos) e, por isso, angustiam-se, são vítimas de um sentimento sem forma; daí que figuras lendárias como o Boi da Cara Preta sirvam para dar forma a esse pavor. Simples e engenhoso, não?
O livro resultante dessa concepção é um achado: uma sequência de 67 historinhas que relatam as versões principais dos mitos. A leitura disso tudo é de um sabor notável, para gente de toda idade.

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"Monstruário - Inventário de Entidades Imaginárias e de Mitos Brasileiros"
Autor: Mário Corso
Editora: Tomo Editorial
Quanto: R$ 20


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