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tecnologia
Futurologia pop
Software israelense que prevê
futuros sucessos das paradas quer
revelar e lançar os novos Beatles
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na última semana,
pesquisadores da
universidade de
Tel Aviv, em Israel,
divulgaram a criação de um software que pode
iluminar o decadente mercado
fonográfico. Estudando o site
de compartilhamento de arquivos Gnutella, durante um período de nove meses do ano
passado, o professor Yuval Shavitt e dois ex-alunos do departamento de engenharia elétrica
conseguiram prever alguns dos
hits que estouraram poucos
meses depois nos EUA.
"Até agora, os caça-talentos e
as gravadoras usavam seus instintos para prever quem seriam
as novas estrelas do rock. Nosso programa tem uma taxa de
acerto que varia entre 30% e
50%", afirma o professor em
entrevista por e-mail ao Folhateen. "Mesmo não sendo infalível, o software pode nos ajudar
a achar os próximos Beatles."
Durante a pesquisa, Shavitt
percebeu que, antes de se tornarem conhecidas nacionalmente, algumas bandas e cantores registraram um alto índice de procura de suas músicas
em suas cidades, mesmo que,
fora delas, esse índice fosse zero. Surpreendentemente, muitos dos novos artistas começaram sua "carreira" com apenas
cinco buscas por semana no site de trocas. Esse número aumentou para dez, 20 e chegou
até 150. No caso de certas metrópoles, a procura era limitada
a um bairro apenas. "Atualmente, a maior parte dos sucessos é de hip hop ou r&b, gêneros tipicamente urbanos."
Os rappers Soulja Boy e Sean
Kingston estiveram entre as
previsões de Shavitt em abril de
2007. Ambos chegaram ao primeiro lugar da Billboard nos
meses de junho e agosto, respectivamente. O grupo americano Shop Boyz também apareceu no software desenvolvido pela universidade antes de
ficar conhecido nos EUA.
Para sair do gueto e ganhar a
opinião pública o pesquisador
aponta dois caminhos. "Depois
de verificar o sucesso local, os
caça-talentos oferecem um
contrato aos artistas e usam a
publicidade e a mídia de massa,
como a MTV. Outros conseguem usar a internet e sites como Facebook e YouTube para
tanto". O grupo Cansei de Ser
Sexy e a cantora adolescente
Mallu Magalhães são dois bons
exemplos.
Caso a tecnologia passe a determinar as apostas das gravadoras, alguns músicos podem
perder a oportunidade de serem descobertos pelos olheiros
durante shows. "Alguns vão
perder a chance, enquanto outros que não a teriam vão passar a ter", justifica Shavitt.
Gilmar Laurindo, diretor da
revista "Sucesso!", que durante
dez anos produziu o ranking semanal da venda de discos no
Brasil publicado na Billboard,
acredita que o software não trará muitas mudanças. "É uma
ferramenta que pode ajudar na
descoberta de novos talentos,
mas que não vai substituir o
"feeling" humano. Além disso,
pode ser manipulada."
O programa pode ser usado
ainda para obter previsões de
futuros sucessos de outras mídias, como DVDs e ringtones.
E, em tempos em que a internet
cria fenômenos da noite para o
dia, gravadoras estão cada vez
mais com os dias contados.
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