São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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MÚSICA

DISSIDÊNCIA METAL

LUÍS FERNANDO BOVO
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL

Nove anos depois da fundação do Angra, banda que ajudaram a transformar num dos maiores nomes do metal nacional, Andre Matos, Luis Mariutti e Ricardo Confessori recomeçaram a batalha. Dessa vez para erguer o Shaman, após um tumultuado rompimento com o ex-grupo.
A saída do Angra, em junho de 2000, rendeu mágoas que duram até hoje -há rumores de que os dissidentes e os antigos companheiros ainda não se falam-, mas o próprio vocalista, Andre, diz que existe semelhança entre o ex-grupo e o Shaman.
"A banda praticamente trocou de nome. Afinal, são três fundadores do Angra", resume. Após o baque da saída, que pegou os fãs de surpresa, Andre, Luis (baixo) e Ricardo (bateria) decidiram que não iriam parar. Convocaram o guitarrista Hugo Mariutti, que é irmão do baixista, e partiram direto para a estrada.
"Imaginamos que causaria uma certa curiosidade, já que temos um nome conhecido no meio", afirma Andre. "E a gente precisava disso mesmo. Estávamos num tremendo baixo-astral [após a saída do Angra]. O disco ainda ia demorar muito para rolar", completa Luis.
Depois de uma série de shows pelo Brasil, França, Espanha, México, Itália, Argentina e Chile, a banda finalmente foi para o estúdio. O primeiro CD, o competente "Ritual" (2002), foi gravado na Alemanha e lançado em mais de dez países. O álbum teve o mesmo produtor do Angra, Sascha Paeth.
O álbum tem muita semelhança com o início da carreira do Angra, principalmente com "Angels Cry" (1993). Andre não vê problemas em associar o trabalho das duas bandas. "É um legado que vamos ter de levar adiante", afirma.
Outro detalhe que pesou a favor do Shaman é o fato de a banda ter aportado, logo de cara, em uma gravadora "major", a Universal.
"Foi a primeira vez que uma banda de rock pesado brasileira entrou numa gravadora "major" e que deu certo", afirma Andre. Para Luis, a parceria bem-sucedida tem uma explicação. "Eles viram que a banda era profissional, sabia se produzir sozinha, sabia fazer a capa sozinha. Viram que não teriam de perder muito tempo com a gente."
"Além disso, a gravadora também sabe que o público é fiel e não vai comprar CD pirata", completa Hugo. O resultado é que "Ritual" vendeu mais de 40 mil cópias.
O contrato com a Universal rendeu outros -e inéditos- frutos ao Shaman. De repente, uma música do álbum, a balada "Fairy Tale", foi parar na trilha sonora da novela da Globo, "O Beijo do Vampiro", embalando o flashback dos vampiros protagonistas da trama.
"No começo, é claro que nós ficamos apreensivos. Vão botar a nossa música numa novela? Nossos fãs vão cair matando. Mas, no contexto da novela, nunca ficou ridículo. E, no final das contas, ninguém reclamou", afirma Andre. "E ninguém também deixou de gostar da música por causa disso", completa Hugo.
No mês passado, o Shaman abriu o show do Iron Maiden em São Paulo. Antes, o grupo já havia sido escalado para abrir para o Metallica, que cancelou a apresentação na última hora.
No embalo de "Ritual", a banda acaba de lançar o CD e o DVD "RituAlive". O registro ao vivo da turnê do álbum de estréia é cheio de participações, incluindo o vocalista Andi Deris e o guitarrista Michael Weikath, ambos do Helloween, e foi gravado em uma só tacada durante um show no Credicard Hall, em abril de 2003. "E já estamos ensaiando as músicas novas para voltar ao estúdio", avisa Andre.



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