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MÚSICA
DISSIDÊNCIA METAL
LUÍS FERNANDO BOVO
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL
Nove anos depois da
fundação do Angra,
banda que ajudaram a
transformar num dos
maiores nomes do metal
nacional, Andre Matos,
Luis Mariutti e Ricardo
Confessori recomeçaram
a batalha. Dessa vez para
erguer o Shaman, após
um tumultuado rompimento com o ex-grupo.
A saída do Angra, em
junho de 2000, rendeu
mágoas que duram até
hoje -há rumores de que
os dissidentes e os antigos
companheiros ainda não
se falam-, mas o próprio
vocalista, Andre, diz que
existe semelhança entre o
ex-grupo e o Shaman.
"A banda praticamente
trocou de nome. Afinal,
são três fundadores do
Angra", resume. Após o
baque da saída, que pegou
os fãs de surpresa, Andre,
Luis (baixo) e Ricardo
(bateria) decidiram que
não iriam parar. Convocaram o guitarrista Hugo
Mariutti, que é irmão do baixista, e
partiram direto para a estrada.
"Imaginamos que causaria uma
certa curiosidade, já que temos um
nome conhecido no meio", afirma
Andre. "E a gente precisava disso
mesmo. Estávamos num tremendo baixo-astral [após a saída do
Angra]. O disco ainda ia demorar
muito para rolar", completa Luis.
Depois de uma série de shows
pelo Brasil, França, Espanha, México, Itália, Argentina e Chile, a
banda finalmente foi para o estúdio. O primeiro CD, o competente
"Ritual" (2002), foi gravado na
Alemanha e lançado em mais de
dez países. O álbum teve o mesmo
produtor do Angra, Sascha Paeth.
O álbum tem muita semelhança
com o início da carreira do Angra,
principalmente com "Angels Cry"
(1993). Andre não vê problemas
em associar o trabalho das duas
bandas. "É um legado que vamos
ter de levar adiante", afirma.
Outro detalhe que pesou a favor
do Shaman é o fato de a banda ter
aportado, logo de cara, em uma
gravadora "major", a Universal.
"Foi a primeira vez que uma banda de rock pesado brasileira entrou
numa gravadora "major" e que deu
certo", afirma Andre. Para Luis, a
parceria bem-sucedida tem uma
explicação. "Eles viram que a banda era profissional, sabia se produzir sozinha, sabia fazer a capa sozinha. Viram que não teriam de perder muito tempo com a gente."
"Além disso, a gravadora também sabe que o público é fiel e não
vai comprar CD pirata", completa
Hugo. O resultado é que "Ritual"
vendeu mais de 40 mil cópias.
O contrato com a Universal rendeu outros -e inéditos- frutos
ao Shaman. De repente, uma música do álbum, a balada "Fairy Tale",
foi parar na trilha sonora da novela
da Globo, "O Beijo do Vampiro",
embalando o flashback dos vampiros protagonistas da trama.
"No começo, é claro que nós ficamos apreensivos. Vão botar a nossa
música numa novela? Nossos fãs vão
cair matando. Mas, no contexto da
novela, nunca ficou ridículo. E, no final das contas, ninguém reclamou",
afirma Andre. "E ninguém também
deixou de gostar da música por causa
disso", completa Hugo.
No mês passado, o Shaman abriu o
show do Iron Maiden em São Paulo.
Antes, o grupo já havia sido escalado
para abrir para o Metallica, que cancelou a apresentação na última hora.
No embalo de "Ritual", a banda acaba de lançar o CD e o DVD "RituAlive". O registro ao vivo da turnê do álbum de estréia é cheio de participações, incluindo o vocalista Andi Deris
e o guitarrista Michael Weikath, ambos do Helloween, e foi gravado em
uma só tacada durante um show no
Credicard Hall, em abril de 2003. "E já
estamos ensaiando as músicas novas
para voltar ao estúdio", avisa Andre.
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