"The Spirit", do mestre das HQs Will Eisner, chega aos cinemas; "Avenida Dropsie" está nos palcos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se você ainda não conhece o trabalho de Will Eisner, autor de histórias em quadrinhos de sucesso e pai das chamadas "graphic novels" (gênero em que se encaixam "Watchmen" e "300"), a oportunidade é agora.
Enquanto as salas de cinema das principais capitais do país (e do interior de São Paulo) recebem, na próxima sexta, "The Spirit - O Filme", o palco do teatro do Sesi, em São Paulo, abriga até o dia 5/4 o espetáculo "Avenida Dropsie". Ambos são adaptações de obras de Eisner.
O autor nova-iorquino, morto em 2005, aos 88 anos, deixou clássicos como "Um Contrato com Deus" e "Fagin, o Judeu".

Cotidiano urbano
A peça "Avenida Dropsie" é baseada na história em quadrinhos de mesmo nome -publicada no Brasil pela editora Devir e atualmente fora de estoque-, em que são narradas as desventuras dos moradores de um bairro pobre de Nova York.
Foi esse o ponto a partir do qual a Sutil Companhia, sob direção de Felipe Hirsch, extraiu um conjunto de cenas cotidianas e as reuniu em uma montagem de produção impecável.
Impecável mesmo -não há uma linha sequer solta entre cenário, trilha sonora, iluminação e figurino. Isso sem contar a cena em que, pasmem, chove no palco durante minutos.
As atuações também são bastante exemplares, com coreografias e trocas de roupa bem ensaiadas. No elenco estão nomes como Guilherme Weber e André Frateschi, entre outros.
Mas a peça pode incomodar a quem prefere teatro realista, com história contínua, diálogos o tempo todo e atuações comedidas. A montagem da Sutil Companhia segue por outro caminho -aposta em cenas curtas e cômicas em formato de esquete, longos intervalos de silêncio e personagens fazendo caricaturas de tipos urbanos.
A tela fina que separa o palco da plateia, em que são projetados trechos de texto narrado por Gianfrancesco Guarnieri -gravado na primeira temporada da peça, em 2005, já que o ator faleceu no ano seguinte-, ajuda a afastar a montagem do realismo. As cenas que ganham legendas fazem a coisa toda parecer um filme.
Foi por meio desses recursos que a trupe decidiu transmitir o tom de melancolia e fracasso característico da vida nas grandes cidades, na visão de Eisner. E funcionou bem.
"Avenida Dropsie" está no teatro do Sesi (av. Paulista 1.313, SP, tel. 0/xx/11/3528-2000), de quarta a domingo, às 20h. Os ingressos são gratuitos às quartas e custam R$ 10 nos outros dias. A peça não é indicada a menores de 14 anos.

O espírito da cidade
Em "The Spirit - O Filme" (também com censura 14 anos), o foco não está nos personagens da metrópole, mas em uma manifestação específica do seu espírito -o crime.
A história segue a batalha de Denny Colt (Gabriel Macht), policial morto em ação que ressuscita como o justiceiro Spirit, contra o malvadão Octopus (Samuel L. Jackson).
A direção ficou por conta de Frank Miller, que já havia adaptado uma HQ de sua autoria ("Sin City") para os cinemas. Mais uma vez, ele tentou reproduzir nas telonas a linguagem específica dos gibis. Se deu certo ou não, as bilheterias é que dirão -mas o filme não empolga muito.
Quem fizer questão de ver com os próprios olhos, pode pelo menos encontrar colírio no bonitão Gabriel Macht, que aparece de gravata vermelha no papel do herói sedutor, e na fatal Eva Mendes, que faz par romântico com ele.
(DIOGO BERCITO)


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