São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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livros

Tenho 16 anos e um livro

Adolescentes falam sobre as dificuldades em publicar a primeira obra

FRINI GEORGAKOPOULOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Eu tenho 16 anos e um livro." É como se define a paranaense Bárbara Malcut. Com uma peça teatral escrita aos 12 e seu primeiro livro, "Ilha das Pedras Verdes", finalizado em 2008, ela se engajou na luta para ser publicada.
Recebeu o apoio de um professor de seu antigo colégio e conseguiu que uma gráfica publicasse uma tiragem de 300 exemplares como cortesia.
"Já enviei meu manuscrito para uma editora e esperei meses por uma resposta. Quando liguei para perguntar, eles o tinham perdido. Fiquei arrasada, mas não desanimei", diz.
A vontade de publicar também faz parte da vida de Vitória Pratini, 16, do Rio de Janeiro. Depois de tentar várias editoras, lançou de forma independente mil exemplares de "Olhar", uma compilação de poesias escritas desde os seus oito anos de idade.
"Sei que a poesia é difícil de vender, mas é como eu gosto de expressar meus sentimentos."
Seja por meio de rima, romances ou peças de teatro, o que inspira as jovens autoras é a busca por um meio de expressão. "Eu adoro literatura. Como não falo tudo o que sinto, procuro passar para o papel", diz Mariana Mauro, 16.
A carioca já concluiu dois romances -um com raízes no romantismo e outro, no realismo-, mas o estudo para o vestibular ainda não permitiu que ela procurasse por editoras.
Mariana se inspirou em suas próprias experiências e naquelas vividas por amigos para ambientar seu trabalho.
Ana Lima, uma das editoras dos selos Galera e Galerinha Record, explica a razão para a dificuldade de jovens autores emplacarem no ramo.
"Anualmente, recebemos em média dez manuscritos de jovens autores em busca de publicação, mas muitos não atendem aos nossos critérios editoriais. Por exemplo, ter seu livro revisado antes de enviá-lo para avaliação é essencial. Quanto mais bem-acabado, melhor será a primeira impressão", diz.
Mas tanto Bárbara como Vitória não esperaram conseguir uma editora para dar continuidade à sua produção. As duas já trabalham de olho no futuro.
Bárbara quer escrever uma sequência para "Ilha", que mistura elementos de ficção científica com mitologia, e viajar para Machu Picchu para pesquisar seu próximo romance.
Vitória se aventurou no mundo dos contos, mas voltou para a poesia. "Cresci..." é o segundo livro que quer publicar -da mesma forma do anterior- ainda neste ano.
Já Mariana não tem planos para um terceiro romance por enquanto. Só quer pensar em publicação depois que passar para a faculdade de jornalismo.


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