São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2001

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COMUNICAÇÃO

Livro traduz gírias e expressões usadas por 52 grupos

Até coveiro tem gíria própria

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Você costumar falar gírias? Não? Isso é o que a maioria das pessoas responde quando são vítimas dessa pergunta. Quase sempre as gírias -mesmo as que soam mais naturais- são associadas à malandragem e a um modo de falar errado. Porém, uma pesquisa mais ampla não só revela que a maioria das pessoas fala, gírias (e muitas!), como cada "tribo" tem suas próprias expressões.
E, em se tratando de tribos, variedade é o que não falta. Muito se engana quem pensa que só surfistas, rappers e funkeiros têm seus códigos.
Expressões como "garçom de trem", "dólar furado" e "mendigão" são muito comuns entre garçons, cobradores de ônibus e feirantes, respectivamente. Então, traduzindo, "garçom de trem" é aquele cara que vive derrubando louça; "dólar furado" é como os cobradores costumam identificar os passes falsos e "mendigão" é aquele freguês que aparenta ter dinheiro, mas sempre compra muito pouco. Não sabia, né?
Partindo do princípio que essas gírias e expressões são material rico para pesquisa, a jornalista Kárin Fusaro, 25, resolveu ir a campo e se aprofundar no assunto. "Eu trabalhava em rádio e tinha contato com os ouvintes. Dependendo da profissão de cada um, eles tinham uma linguagem diferente", explica Kárin.
Após um ano e meio de pesquisa ela lança "Gírias de Todas as Tribos" (ed. Panda Books, 160 págs., R$ 21), que reúne as palavras mais usadas por 52 grupos. São 2.154 expressões de coveiros, carteiros, taxistas, caminhoneiros, presidiários, entre outros.
E de onde surgem as gírias? Depende. Provavelmente da necessidade que cada um sente ao se comunicar. Mas a autora esclarece: "Os grupos mais jovens são os que mais falam gírias, o que acaba sendo um jeito de um se sobrepor ao outro. Geralmente, as pessoas mais respeitadas do grupo são as que inventam". E os demais seguem. (CAROLINA FREDERICO)


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