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COMUNICAÇÃO
Livro traduz gírias e expressões usadas por 52 grupos
Até coveiro tem gíria própria
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Você costumar falar gírias? Não? Isso
é o que a maioria das pessoas responde quando são vítimas dessa pergunta. Quase sempre as gírias -mesmo as que soam mais naturais- são
associadas à malandragem e a um
modo de falar errado. Porém, uma
pesquisa mais ampla não só revela
que a maioria das pessoas fala, gírias
(e muitas!), como cada "tribo" tem
suas próprias expressões.
E, em se tratando de tribos, variedade é o que não falta. Muito se engana
quem pensa que só surfistas, rappers
e funkeiros têm seus códigos.
Expressões como "garçom de
trem", "dólar furado" e "mendigão"
são muito comuns entre garçons, cobradores de ônibus e feirantes, respectivamente. Então, traduzindo,
"garçom de trem" é aquele cara que
vive derrubando louça; "dólar furado" é como os cobradores costumam
identificar os passes falsos e "mendigão" é aquele freguês que aparenta ter
dinheiro, mas sempre compra muito
pouco. Não sabia, né?
Partindo do princípio que essas gírias e expressões são material rico para pesquisa, a jornalista Kárin Fusaro,
25, resolveu ir a campo e se aprofundar no assunto. "Eu trabalhava em rádio e tinha contato com os ouvintes.
Dependendo da profissão de cada
um, eles tinham uma linguagem diferente", explica Kárin.
Após um ano e meio de pesquisa ela
lança "Gírias de Todas as Tribos" (ed.
Panda Books, 160 págs., R$ 21), que
reúne as palavras mais usadas por 52
grupos. São 2.154 expressões de coveiros, carteiros, taxistas, caminhoneiros, presidiários, entre outros.
E de onde surgem as gírias? Depende. Provavelmente da necessidade
que cada um sente ao se comunicar.
Mas a autora esclarece: "Os grupos
mais jovens são os que mais falam gírias, o que acaba sendo um jeito de
um se sobrepor ao outro. Geralmente,
as pessoas mais respeitadas do grupo
são as que inventam". E os demais seguem.
(CAROLINA FREDERICO)
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