São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011 |
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Poucos em movimento MOVIMENTO ESTUDANTIL É LEVADO ADIANTE POR UMA MINORIA QUE ATRASA A FORMATURA EM NOME DA MILITÂNCIA
DIOGO BERCITO DE SÃO PAULO O movimento estudantil, que levou 200 mil jovens às ruas em 1992 para pedir a saída do presidente Fernando Collor, hoje sofre por... falta de estudantes. Cerca de 5% dos alunos do país se envolvem com as entidades. Boa parte diz sequer ter interesse. "Nem sempre é a maioria que toma as decisões, porque nem sempre a maioria participa dos debates", diz Clara Saraiva, 24, líder da Anel (dissidência da UNE, veja à esquerda). Ela está entre os líderes estudantis cujo perfil você confere no site do Folhateen. Ligados a partidos que, fora das salas de aula, têm pouca representatividade (como o PC do B e o PSTU), esses jovens levam uma vida diferente da maioria dos colegas. O presidente da UNE, Augusto Chagas, 29, faz faculdade há dez anos. Tarcísio Boaventura, líder dos estudantes de ensino médio de SP, tem 22 e está no cursinho. Ambos optaram por atrasar a graduação e depender dos pais para complementar a ajuda de custo recebida (na UNE, cerca de R$ 2.000). Clara, aluna de serviço social na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), quer se mudar para São Paulo, sede da Anel. Deve trancar ou transferir o curso. "Meus pais ficavam bem preocupados em eu não conseguir me graduar. Hoje me admiram, pois não fico apática diante de injustiças." Nas entidades, tanto a situação quanto a oposição são de esquerda. Como de costume, esquerdas que não se entendem. O PSTU, por exemplo, critica o PC do B, que lidera a UNE, por receber dinheiro federal. Se falta participação de estudantes, dinheiro há. A UNE recebe R$ 2,5 milhões do governo federal ao ano, além de R$ 2,7 milhões emitindo carteirinhas (aquelas para pagar meia entrada). Para Augusto, é "obrigação do poder público apoiar os estudantes". Ele deixará de ser líder da UNE neste ano e diz que agora quer se formar -faz sistemas da informação na USP, mas começou a graduação na Unesp. Augusto discorda de que esteja demorando muito para pegar o diploma. "Tive experiências além da sala de aula, a militância foi uma segunda faculdade." Não cogita deixar o que chama de "luta": "Você passa a acreditar em certas coisas. É difícil abrir mão da militância." Texto Anterior: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: União homoafetiva e o gol de placa do STF Próximo Texto: UNE e Ubes querem ir às ruas em agosto Índice | Comunicar Erros |
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