São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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livros

Mergulho no tempo

"O Fazedor de Velhos", novo romance do carioca Rodrigo Lacerda, fala sobre as descobertas da adolescência

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pedro acabou de entrar na faculdade de história -sua matéria preferida no colégio-, mas, para sua surpresa, a incômoda sensação de que está no lugar errado não o larga de modo algum.
O pior é que nenhuma outra profissão o atrai. Na tentativa de achar seu caminho, ele acaba topando se encontrar com um velho meio excêntrico, um certo professor Nabuco.
Esse é o ponto de partida de "O Fazedor de Velhos ", novo livro do escritor carioca Rodrigo Lacerda. Ao lado da descoberta da vocação, o romance de Lacerda trilha as veredas do primeiro amor, da paixão pela literatura e da passagem inevitável do tempo.
É imerso nessa tríade que Pedro, o protagonista da narrativa, vai amadurecendo e ganhando coragem para se fazer velho. Sim, porque como ele aprende em sua amizade com o estranho mestre, "gostar de viver é gostar de sentir, e gostar de sentir é, necessariamente, gostar de envelhecer".
Escrito com humor e delicadeza, o volume é um romance de formação que lança um olhar original sobre a incessante busca de cada um para tornar-se si mesmo.
Leia a entrevista que o autor concedeu por telefone, do Rio.

 

FOLHA - O tema da vocação é importante para você?
RODRIGO LACERDA -
Escrevi esse livro pensando na minha filha, que tem 13 anos agora. Como no mundo de hoje os jovens têm que fazer tudo cada vez mais cedo, em breve essa questão vai se colocar para ela. É difícil para o jovem, que nunca viveu uma rotina profissional, se posicionar em relação a isso.

FOLHA - Quais outros temas você considera essenciais no livro?
LACERDA -
Uma coisa que acho importante nele é a atitude romântica em relação ao amor e à vida sentimental. Acompanhando o que sai sobre adolescência na mídia, às vezes fico achando que as coisas estão lúgubres demais. Filmes sobre tiroteios, chacinas nas escolas americanas... Tudo isso existe, mas existe também a paixão, a descoberta do amor...

FOLHA - Como você enxerga a velhice?
LACERDA -
No mundo de hoje, parece que a única fase da vida que vale a pena é a juventude. A humanidade se esqueceu do valor da vivência acumulada. Mas, se você não se entrega às emoções e não vive com intensidade, não cria uma biografia, não marca as passagens e transições. Essa opção da eterna juventude é muito problemática.

FOLHA - Em que escrever para jovens é diferente de escrever para adultos?
LACERDA -
Eu criei um compromisso de não perder a atenção do meu leitor em nenhum momento. Não deixar cair o ritmo é importante para atingir o público jovem.


O FAZEDOR DE VELHOS
Rodrigo Lacerda
Cosac Naify
R$ 35 (136 págs.)



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