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livros
Mergulho no tempo
"O Fazedor de Velhos", novo romance do carioca Rodrigo Lacerda, fala sobre as descobertas da adolescência
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pedro acabou de entrar na faculdade de
história -sua matéria preferida no colégio-, mas, para sua
surpresa, a incômoda sensação
de que está no lugar errado não
o larga de modo algum.
O pior é que nenhuma outra
profissão o atrai. Na tentativa
de achar seu caminho, ele acaba
topando se encontrar com um
velho meio excêntrico, um certo professor Nabuco.
Esse é o ponto de partida de
"O Fazedor de Velhos ", novo livro do escritor carioca Rodrigo
Lacerda. Ao lado da descoberta
da vocação, o romance de Lacerda trilha as veredas do primeiro amor, da paixão pela literatura e da passagem inevitável
do tempo.
É imerso nessa tríade que Pedro, o protagonista da narrativa, vai amadurecendo e ganhando coragem para se fazer
velho. Sim, porque como ele
aprende em sua amizade com o
estranho mestre, "gostar de viver é gostar de sentir, e gostar
de sentir é, necessariamente,
gostar de envelhecer".
Escrito com humor e delicadeza, o volume é um romance
de formação que lança um
olhar original sobre a incessante busca de cada um para tornar-se si mesmo.
Leia a entrevista que o autor
concedeu por telefone, do Rio.
FOLHA - O tema da vocação é importante para você?
RODRIGO LACERDA - Escrevi esse
livro pensando na minha filha,
que tem 13 anos agora. Como
no mundo de hoje os jovens
têm que fazer tudo cada vez
mais cedo, em breve essa questão vai se colocar para ela. É difícil para o jovem, que nunca viveu uma rotina profissional, se
posicionar em relação a isso.
FOLHA - Quais outros temas você
considera essenciais no livro?
LACERDA - Uma coisa que acho
importante nele é a atitude romântica em relação ao amor e à
vida sentimental. Acompanhando o que sai sobre adolescência na mídia, às vezes fico
achando que as coisas estão lúgubres demais. Filmes sobre tiroteios, chacinas nas escolas
americanas... Tudo isso existe,
mas existe também a paixão, a
descoberta do amor...
FOLHA - Como você enxerga a velhice?
LACERDA - No mundo de
hoje, parece que a única
fase da vida que vale a
pena é a juventude. A
humanidade se esqueceu do valor da vivência acumulada. Mas, se
você não se entrega às
emoções e não vive com intensidade, não cria uma biografia,
não marca as passagens e transições. Essa opção da eterna juventude é muito problemática.
FOLHA - Em que escrever para jovens é diferente de escrever para
adultos?
LACERDA - Eu criei um compromisso de não perder a atenção
do meu leitor em nenhum momento. Não deixar cair o ritmo
é importante para atingir o público jovem.
O FAZEDOR DE VELHOS
Rodrigo Lacerda
Cosac Naify
R$ 35 (136 págs.)
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