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ANÁLISE
Em campanha, a ordem do dia é quanto menos polêmica melhor
ALAN GRIPP
EDITOR-ADJUNTO DE PODER
Em política, vale menos o
que os candidatos são de fato
e mais o que eles querem (ou
precisam) parecer. Especialmente
quando falamos de
eleição presidencial.
Salvo uma ou outra diferença,
o que os jovens militantes
pensam sobre temas
tabus é o que também pensam
seus candidatos -mas
nem sempre podem dizer.
A lógica na era da marquetagem
é simples: num país
conservador, assumir posições
polêmicas só ajuda a
restringir o universo de possíveis
eleitores. Então, quanto menos confusão,
melhor.
Não é por outra razão a recente
guinada católica de
Dilma, de devota de Marx para devota de Nossa Senhora.
Da mesma forma se deu a
mudança de sua opinião sobre
aborto -ela passou a se
declarar a favor só em casos
de estupro e risco de morte
para a mãe.
Os jovens dilmistas, ao
contrário, mantêm pé firme:
são a favor do aborto. "A gente
está numa ditadura católica
de valores morais", disse
Matheus, em palavras que
poderiam ter vindo da jovem
idealista Dilma dos anos 60.
Mas que se diga: essa metamorfose
não é exclusividade
da candidata de Lula -ela
só é a novata no clubinho dos
presidenciáveis e, por isso,
suas contradições chamam
mais a atenção.
A verdade é que dificilmente
veremos alguém que
almeje o posto máximo da
República ter uma posição
firme sobre (para usar o mesmo
exemplo) o aborto, ainda
que as clínicas clandestinas
espalhadas pelo país continuem abarrotadas.
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