São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Em campanha, a ordem do dia é quanto menos polêmica melhor

ALAN GRIPP
EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Em política, vale menos o que os candidatos são de fato e mais o que eles querem (ou precisam) parecer. Especialmente quando falamos de eleição presidencial.
Salvo uma ou outra diferença, o que os jovens militantes pensam sobre temas tabus é o que também pensam seus candidatos -mas nem sempre podem dizer.
A lógica na era da marquetagem é simples: num país conservador, assumir posições polêmicas só ajuda a restringir o universo de possíveis eleitores. Então, quanto menos confusão, melhor.
Não é por outra razão a recente guinada católica de Dilma, de devota de Marx para devota de Nossa Senhora.
Da mesma forma se deu a mudança de sua opinião sobre aborto -ela passou a se declarar a favor só em casos de estupro e risco de morte para a mãe.
Os jovens dilmistas, ao contrário, mantêm pé firme: são a favor do aborto. "A gente está numa ditadura católica de valores morais", disse Matheus, em palavras que poderiam ter vindo da jovem idealista Dilma dos anos 60.
Mas que se diga: essa metamorfose não é exclusividade da candidata de Lula -ela só é a novata no clubinho dos presidenciáveis e, por isso, suas contradições chamam mais a atenção.
A verdade é que dificilmente veremos alguém que almeje o posto máximo da República ter uma posição firme sobre (para usar o mesmo exemplo) o aborto, ainda que as clínicas clandestinas espalhadas pelo país continuem abarrotadas.


Texto Anterior: Plínio: Cabos do PSOL contribuem para a campanha até com dinheiro
Próximo Texto: Escuta aqui - Álvaro Pereira Júnior: Sexo, drogas, rock e um livro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.