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10 música
Escravos do Zeppelin
Em "Revelations", seu 3º disco, o Audioslave descobre que
seguir Page e Plant não é imitar e atinge ponto alto da carreira
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No terceiro disco do
Audioslave, "Revelations", não será
encontrada nenhuma influência
de Gang of Four ou eletro. Talvez esse seja o seu refúgio.
Assim como no primeiro disco, "Audioslave", e no segundo,
"Out of Exile", as influências
continuam as mesmas, sem nenhuma concessão. Ao contrário, tudo parece ainda mais radicalizado. Mas agora brilha.
Em 2001, a banda foi a égide
sob a qual Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden, e três
quartos do Rage against the
Machine resolveram que, a partir daquele momento, seriam a
continuação do Led Zeppelin.
Até aí, nada de mais. Chris
Cornell já era o vocalista mais
agudo do mainstream americano, à maneira do inglês Robert
Plant. Enquanto isso, o RATM
construiu sua plataforma para
o rap de Zack de La Rocha em
cima dos riffs do guitarrista
Tom Morello, que nunca escondeu a inspiração extraída
dos temas de Jimmy Page.
Nos dois primeiros álbuns, a
banda conquistou atenção, mas
ainda não tinha feito algo que
realmente valesse comprar um
CD. Em "Revelations", o milagre se concretiza. Mais do que
uma imitação, o Audioslave se
tornou um peso-pesado, algo
não atingido pelo Velvet Revolver -que reuniu o guitarrista
Slash e meio Guns'n'Roses com
Scott Weiland, ex-voz do Stone
Temple Pilots.
A qualidade das composições
aqui, a começar pela faixa-título, mostra uma integração
maior entre Cornell e o trio de
instrumentistas. Morello está
mais "pageano" do que nunca, e
isso ajuda. Há mais alma agora,
e não mais uma demonstração
vulgar de força. As pedradas
"Sound of a Gun" e "Somedays"
concordam com isso.
O som setentista fica negróide, quase Motown, em "Original Fire", talvez a melhor faixa
do disco, com bateria binária e
um Cornell inspirado. Afinal, o
Led Zeppelin era uma banda de
hard rock pré-metal, mas também era uma máquina de grooves -pegue "The Ocean" e entenda o que John Bonham quer
que você faça enquanto ele toca
a bateria.
Sem nada tão meloso quanto
"Like a Stone", do álbum de estréia, a banda se encarrega de
levantar a bandeira de um rock
mais conservador sem contar
com um hype do tamanho dos
Raconteurs de Jack White. E,
com honestidade, faz um excelente trabalho.
Nada aqui tem cara do que
está correndo pelas pistas de
rock mais badaladas do momento -interessadas em emular em uníssono um sentimento entre a disco e o infantil-,
mas deixar o Audioslave de fora
da festa já virou crime.
REVELATIONS
Audioslave
www.audioslave.com
Ouça: "Original Fire"
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