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Portugueses e índios desbravaram o país
especial para a Folha
A colonização começou a se intensificar a partir de 1600. Os portugueses fixaram povoações ao
longo do litoral. Surgiram, então,
novos aventureiros, que partiam
em busca de metais preciosos e de
índios para escravizar.
Foi uma época marcada por
uma maior interação entre índios
e portugueses. Mas o domínio
ainda era dos colonizadores.
Assim disse padre Antônio
Vieira, um escritor e jesuíta português que se dedicou à catequização e defesa dos índios: "É certo
que as famílias dos portugueses e
índios de São Paulo estão tão ligadas hoje, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas famílias
se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender na
escola", como transcreveu o historiador Sergio Buarque de Holanda em "Raízes do Brasil".
Nas expedições para o interior,
muitas vezes partia toda a família.
Em outras, só iam os homens, liderados pelo pai da família, o
bandeirante. Seus filhos jovens
estavam numa posição intermediária de comando e obediência
em relação ao pai. Havia também
os jovens indígenas, que, forçados
a participar, recebiam a função de
carregar mantimentos, redes etc.
Eles eram fundamentais para a
expedição, por sua agilidade e capacidade de orientação na mata.
Durante as expedições, muitas
vezes, as mulheres ficavam sozinhas nas vilas. O resultado era um
sistema matriarcal a que ficavam
sujeitas crianças e jovens.
A alimentação era muito parecida com a dos indígenas: a farinha
de mandioca, o milho e o feijão.
Carne de macaco, tanajuras e saúvas torradas também faziam parte da dieta. A aguardente de milho
era mais popular do que a de cana. O algodão fez surgir uma indústria caseira que produzia redes e roupas. O clima permitia a
multiplicação de rebanhos.
Imagens heróicas de bandeirantes, vestindo roupas requintadas,
belas botas e cintos afivelados, são
pura ficção histórica. A cascata foi
criada no fim do século 19 pela elite cafeeira de São Paulo para glorificar os bandeirantes (os "primeiros paulistas"). Assim, justificava-se a "grandeza" do Estado.
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