São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2000


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Portugueses e índios desbravaram o país

especial para a Folha

A colonização começou a se intensificar a partir de 1600. Os portugueses fixaram povoações ao longo do litoral. Surgiram, então, novos aventureiros, que partiam em busca de metais preciosos e de índios para escravizar.
Foi uma época marcada por uma maior interação entre índios e portugueses. Mas o domínio ainda era dos colonizadores.
Assim disse padre Antônio Vieira, um escritor e jesuíta português que se dedicou à catequização e defesa dos índios: "É certo que as famílias dos portugueses e índios de São Paulo estão tão ligadas hoje, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender na escola", como transcreveu o historiador Sergio Buarque de Holanda em "Raízes do Brasil".
Nas expedições para o interior, muitas vezes partia toda a família. Em outras, só iam os homens, liderados pelo pai da família, o bandeirante. Seus filhos jovens estavam numa posição intermediária de comando e obediência em relação ao pai. Havia também os jovens indígenas, que, forçados a participar, recebiam a função de carregar mantimentos, redes etc.
Eles eram fundamentais para a expedição, por sua agilidade e capacidade de orientação na mata.
Durante as expedições, muitas vezes, as mulheres ficavam sozinhas nas vilas. O resultado era um sistema matriarcal a que ficavam sujeitas crianças e jovens.
A alimentação era muito parecida com a dos indígenas: a farinha de mandioca, o milho e o feijão. Carne de macaco, tanajuras e saúvas torradas também faziam parte da dieta. A aguardente de milho era mais popular do que a de cana. O algodão fez surgir uma indústria caseira que produzia redes e roupas. O clima permitia a multiplicação de rebanhos.
Imagens heróicas de bandeirantes, vestindo roupas requintadas, belas botas e cintos afivelados, são pura ficção histórica. A cascata foi criada no fim do século 19 pela elite cafeeira de São Paulo para glorificar os bandeirantes (os "primeiros paulistas"). Assim, justificava-se a "grandeza" do Estado.



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