|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Brasil, "culto ao corpo" começou no séc. 20
especial para a Folha
O século 20 é o século do novo
por excelência. Nas primeiras décadas do século, tudo é novidade:
a máquina seduzia a todos, a eletricidade iluminava os cantos escuros da cidade, o que os antigos
lampiões não eram capazes de fazer. O bonde elétrico e o automóvel aceleravam o cotidiano.
Em 1904, São Paulo já contava
com 83 automóveis. A fotografia
fazia nascer o registro da imagem,
e os álbuns de família começavam
a aparecer. As vitrolas embalavam as festas. O cinema dava seus
primeiros passos.
A busca a qualquer preço pela
modernidade era o mote do começo do século. Havia uma transformação na forma de encarar o
próprio corpo.
Assim como a máquina, o corpo tinha de ser exercitado para
responder aos comandos de maneira mais rápida e eficaz.
Surgiam os clubes esportivos e a
prática de ginástica nas escolas;
foram fundados clubes de halterofilismo e remo. Nas camadas
populares, principalmente entre
os operários, o futebol começava
a despontar. A dança e os bailes se
tornaram uma grande sensação
para todos.
O historiador Nicolau Sevcenko
fala sobre o clima da época: "O
antigo hábito de repousar nos
fins-de-semana se tornara um
despropósito ridículo. Todos para a rua, era lá que a ação estava.
Não é que repousar deixara de ser
viável. Mas se tornara uma obsolescência, uma caduquice. Não
era descansando que alguém se
prepararia para a semana vindoura. A ordem era recarregar as
energias e tonificar os nervos
exercitando os músculos, estimulando os sentidos, excitando o espírito".
Se o mundo da elite estava nesse
turbilhão transformador, o mundo operário também passava por
uma revolução. As fábricas empregavam homens, mulheres e
crianças. Os jovens eram mão-de-obra barata e, por isso, chegaram
a representar cerca de 50% dos
operários empregados.
Trabalhavam em jornadas desumanas, que chegavam a 16 horas por dia. Nas primeiras décadas do século, surgiram as primeiras greves operárias, com
grande participação de crianças e
adolescentes.
Texto Anterior: Zumbi, jovem rei do maior quilombo Próximo Texto: Menor de rua é problema desde 1830 Índice
|