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SOM
Ritmos do Brasil misturam influências
AUGUSTO PINHEIRO
GABRIEL GAIARSA
da Reportagem Local
A grande diversidade de ritmos
brasileiros nasceu da influência
dos diferentes povos que formaram o país: índios, africanos e europeus. De norte a sul, há gêneros
conhecidos no Brasil inteiro, como o forró, e outros nem tanto,
como o carimbó, do Pará, e o vanerão, do Rio Grande do Sul.
O samba, o mais famoso de todos, surgiu no Rio de Janeiro no
começo do século. Segundo a
sambista Dona Ivone Lara, 79, tudo começou nos pagodes de Tia
Ciata, uma doceira baiana que vivia na cidade. "Muitos nomes importantes do samba frequentavam o local, como Pixinguinha e
Clementina de Jesus", conta.
A primeira música registrada
como samba foi "Pelo Telefone",
de Donga, que estourou no Carnaval de 1917. O atual sucesso do
pagode não incomoda a sambista,
representante da velha guarda:
"Apesar de existirem coisas mal-elaboradas, gosto muito de Negritude Jr. e Exaltasamba".
Outros ritmos populares no
país vêm do Nordeste, como forró, xote e baião, que, segundo o
cantor pernambucano Dominguinhos, 59, têm influências portuguesa e africana.
Dominguinhos foi parceiro de
Luiz Gonzaga, o "rei" do baião,
por quase 40 anos. "Foi ele que inventou a maioria dos ritmos. Ele
se inspirou nos cangaceiros para
criar o xaxado, outro ritmo popular. Aprendi muito com ele."
Já no interior de São Paulo, o ritmo tradicional é o sertanejo, que
surgiu nas fazendas e chegou às
grandes cidades por meio de migrantes. No início, a única divulgação era por meio de rádios AM.
"Sem TV, quase ninguém conhecia a fisionomia dos músicos. Então, mesmo as duplas mais famosas podiam mandar outras pessoas para fazer o show que ninguém notava", conta Rick, da dupla Rick e Renner.
"As duplas de hoje estão comendo prato feito. Aquelas de antigamente tinham todo tipo de dificuldade: iam aos shows a cavalo,
passando frio", completa.
Na região Norte, o principal ritmo é o carimbó, do Pará. "É uma
mistura de influências africana,
indígena e portuguesa", explica
Pinduca, 68, "rei" do gênero.
O som, dançante, é tirado de um
tambor chamado curimbó. A
dança das mulheres tem raízes
portuguesas. As letras falam do
cotidiano e enaltecem o Pará.
Ele explica ainda que cada região do Estado tem um ritmo diferente: "Existem muitos gêneros,
como o siriá, o retumbão e o banguê". Pinduca se apresenta em
agosto na Alemanha.
No outro extremo do país, no
Rio Grande do Sul, o vanerão é o
ritmo mais popular. O músico
Renato Borghetti, 36, o Borghetinho, diz que o gênero surgiu da
mistura de influências açoriana
(dos imigrantes do arquipélago
dos Açores) e africana. "É um ritmo de baile, tocado com acordeão." Além do vanerão, ele cita a
milonga e a rancheira como gêneros do folclore local. "Há ainda o
bugio, que imita no acordeão o
som do macaco de mesmo nome.
É o único totalmente gaúcho, sem
influências externas."
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