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MÚSICA
Banda Luxúria, descoberta por Pitty, põe no mapa o rock da região entre o Rio de Janeiro e São Paulo com disco de estréia
Vale do pecado
DA REPORTAGEM LOCAL
Na região cortada pelo rio Paraíba do
Sul, conhecida por Vale do Paraíba,
mora um pecado capital. Desse
"meio do caminho" entre São Paulo e Rio,
mais precisamente em Jacareí (SP), surgiu
o quinteto Luxúria, banda que se inspira no
som punk e é liderada pela vocalista Meg
Stock, 26, figura marcante para quem já assistiu ao sombrio videoclipe de "Ódio".
Na capa do CD de estréia, Meg está nua,
enquanto os rapazes (Luciano Dragão, baixo; Beto Richieri, guitarra; Guilherme Cersosimo, bateria; e Ed Redneck, guitarra) estão devidamente vestidos. "É porque eu
sou bonita e eles são feios", brinca Meg, em
entrevista ao Folhateen.
"Foi uma sugestão do fotógrafo. Tentamos reproduzir um quadro de [Édouard]
Manet [1832-1883], "O Piquenique" [1863].
É um piquenique em que somente a mulher está nua e os homens não estão nem
olhando para ela. A gente achou legal, para
sair do óbvio do punk, com todo mundo de
preto e cheio de rebites. Quisemos quebrar
um pouco isso", explica a vocalista.
E, se há banda do Vale do Paraíba, há
uma cena de rock local, que se apresenta
em um circuito formado por cidades como
Caçapava, Taubaté, São José dos Campos e
Campos do Jordão e uma parte do litoral
norte de SP. E foi na praia de Caraguatatuba que a banda foi descoberta quando abria
um show da roqueira baiana Pitty.
"O produtor dela pediu para mandarmos
algum material para a produtora Na Moral
[a mesma de Pitty e Marcelo D2]. A gente
fez uma demo e mandou, e o Lobatto [Marcelo, produtor] ligou em seguida. Desde
então a gente trabalhou muito."
Meg conta que não teve problemas em viver alguns meses sob o mesmo teto que cinco homens, durante a gravação do CD:
"Alugamos uma casa na Vila Madalena, em
São Paulo, onde tinha um estúdio. A gente
acampava em cima e gravava embaixo. Virei homem no meio da balada. Mas somos
muito amigos, e eu não sou uma pessoa
cheia de frescuras".
Meg é autora de quase todas as letras do
álbum, que leva o nome da banda. "As músicas têm uma veia autobiográfica, mas nada tão explícito. É mais poético que autobiográfico. Costumo escrever as minhas
experiências. "Ódio" fala de mudança, da
dificuldade que é mudar, de se controlar,
de não se deixar contaminar pela raiva.
Tento fazer isso na maior parte do dia."
Apesar da presença forte, com várias tatuagens espalhadas pelo corpo, a vocalista
faz questão de deixar claro que o Luxúria
não é "uma garota que tem uma banda".
"Independentemente de ter uma mulher, é
uma banda de rock, temos um trabalho sério."
(LEANDRO FORTINO)
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