Escrevi aqui uma vez dizendo que quem tem um iPhone no Brasil e acessa a loja da Apple em busca de games tem uma experiência frustrante. Isso acontece porque, de acordo com a lei brasileira, todo game precisa obter a "classificação indicativa", apontando qual sua faixa etária adequada de público.
Sem classificação prévia, o game não pode ser vendido oficialmente no Brasil. O resultado é que a loja da Apple brasileira quase não tem games. Os brasileiros ficam de fora, por exemplo, de jogar a excelente adaptação de "Street Fighter IV" para o iPhone, que não só reproduz com fidelidade a experiência do videogame como permite fazer combates entre duas pessoas com celulares diferentes, usando o bluetooth.
Essa ausência dos jogos para iPhone no país acontece por vários motivos. Uma é que há distinção entre jogos para consoles e para celular. Todos têm de passar pelo processo de classificação indicativa. A outra questão é que a própria Apple é responsável por credenciar previamente cada um dos milhares de jogos, tarefa quase impossível de ser cumprida. Os poucos jogos vendidos por aqui vêm disfarçados de "entretenimento" e de outras categorias, justamente para escapar dessa situação.
Mas há pouco tempo um amigo descobriu uma forma no mínimo curiosa de contornar o problema. Se no cadastro da loja da Apple você se identificar como argentino, um mundo imenso de jogos e outros aplicativos não disponíveis no Brasil vai se abrir. A única exigência é que o candidato a "hermano" coloque um CEP da Argentina (meu amigo recomenda o uso do CEP da Associação de Futebol Argentino, que é C1053ACB).
Sei que muita gente vai pensar duas vezes antes de se declarar argentino, principalmente em tempos de Copa do Mundo. Por isso, não custaria nada se o Ministério da Justiça pudesse repensar o sistema de classificação indicativa, facilitando a chegada dos jogos para celular ao Brasil. Os gamers e o orgulho pátrio agradeceriam.


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