São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003 |
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TEATRO Jovens discutem "Carro de Paulista" com seus autores Zonas leste e sul se encontam no palco
TIAGO DÉCIMO
Depois de descolar "uma barca"
(carro) com o primo e uma grana
com um amigo, o que poderia dar
errado numa balada nos Jardins?
Para quem não é da área, muita coisa. "As "minas" só ignoram, a gente é
barrado na porta dos lugares, tem
de voltar cedo para casa por causa
da distância... Não vale a pena", diz
o estudante Fábio Alencar, 18. Alencar - De onde surgiu a idéia de
montar essa peça? Viana - Fazia tempo que queria escrever uma peça assim, que mostrasse de forma divertida como são
diferentes os universos de uma cidade grande. Você concorda? Alencar - O lance é que cada um vive a própria realidade. A gente não
tem dinheiro para ir para a zona sul.
Aí se diverte com o que tem perto...
Pegar ônibus lotado para atravessar
a cidade e ter de voltar mais cedo
por causa do transporte, "tô fora".
Só de ficar trocando idéia na rua a
gente já está feliz. Santos - É... E quando conseguimos ir para a zona sul, não deixam a
gente entrar nos lugares... Alencar - Também não tem de perder a noite com isso. Não deixou entrar? Vai para outra. Santos - Tem um monte de lugar
"da hora" na "ZL". Prefiro ficar por
lá, mesmo. Alencar - O único lance é que, depois de um tempo, você só vê as
mesmas pessoas... Tem de variar um
pouco. Vieira - Além disso, tem um monte
de coisas que só tem na zona sul. Os
shows de graça do Ibirapuera, por
exemplo. Já fui a alguns, e eles são
muito "da hora". Isso não tem na
"ZL". É o maior trabalho chegar ao
parque. Voltar, então... Mas vale a
pena. Santos - Ah... Mas aí, quando a
gente vai, tem sempre essa coisa da
"mina" metida, dos caras que ficam
olhando torto... Isso rola direto. Vieira - Pois é... Na peça, fica parecendo que as meninas da zona sul
são melhores que as da zona leste... Marson - A gente só quis mostrar o
que os meninos falam quando estão
sozinhos. Eles é que fantasiam que o
que está mais longe é melhor. Viana - Claro que a gente exagera
um pouco nos palavrões, mas as
conversas de quatro adolescentes
em um carro não fogem muito disso... Vieira - Eu gostei daquela cena da
menina que revida a cantada dos caras... Viana - Aquela passagem é meio
uma vingança das mulheres. Toda
menina passa por aquela coisa de
passar um cara e mexer com ela,
tentar puxar um papo estranho... Silveira- E em quem vocês (os atores) se basearam para fazer os personagens? Daniel Tavares (ator) - Em nós
mesmos. Na verdade, o próprio texto não é só sobre as diferenças entre
zona leste e zona sul de São Paulo.
Qualquer cidade grande é assim:
tem os grupos, as tribos. Nós mesmos (os atores) temos nossas diferenças culturais, por isso não tivemos problemas para criar os personagens... |
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