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Cult
Viagens literárias
O editor do caderno Mais!, Marcos Flamínio Peres, propõe três roteiros para você viajar no sofá
Aventuras rocambolescas, amores idealizados,
traições e muita testosterona pelas ruas da
cidade no clássico "Os Três Mosqueteiros",
de Alexandre Dumas (Ediouro, 600 págs.,
R$ 54,90).Influenciado pela narrativa gótica
inglesa do século 18, tem um final tenebroso,
que deixa no chinelo a série "Sexta-Feira 13".
Já a "vida bandida" da capital está retratada
no engraçadíssimo "Nossa Senhora de Paris"
(de Victor Hugo, Ediouro, 210 págs., R$ 17,90),
que a Disney celebrizaria como "O Corcunda
de Notre Dame". Marginais de todo tipo,
vivendo no centro sitiado da Paris medieval,
tendo ao fundo uma paixão grotesca e sublime
-a do feio Quasímodo pela cigana Esmeralda.
Para quem é blasé e prefere tédio, cafés e
glamour, melhor mergulhar na bíblia existencialista
de "A Idade da Razão" (de Jean-Paul
Sartre, Nova Fronteira, 342 págs., R$ 44). A
vitalidade das outras obras dá lugar a dúvidas
sobre se "mato ou não meus gatinhos", que
rendem cenas de grande beleza. Um luxo só!
Tolstói e Dostoiévski valem por uma
literatura inteira, mas só dá pra lê-los nas
férias. Páginas e páginas que não acabam
mais, mas que valem cada minuto que
você irá ficar sem jogar videogame.
O pano de fundo de boa parte de suas
histórias é São Petersburgo, a cidade bela
e elegante voltada para a Europa, que dá as
costas para a Rússia profunda e a Moscou
fortemente católica. Ela é cenário para
"Crime e Castigo" (de Fiódor Dostoiévski,
Editora 34, 568 págs., R$ 64), uma intriga
policial percorrida pelo questionamento
sobre a falta de sentido da existência. O final
é redentor e beira o misticismo.
Já "Anna Karenina" (de Liév
Tolstói, Cosac Naify, 816 págs., R$ 99) se
passa nas duas cidades e se constitui em
uma das mais famosas histórias de amor já
escritas -com direito a preconceito, entrega,
ciúme e desencanto. Suspense em um,
paixão em outro: quem precisa de mais?
Textos de outdoor, anúncios de publicidade
e telegramas interrompendo a narrativa fazem
da "trilogia USA" uma das primeiras tentativas
de incorporar ao romance o ritmo alucinante
dos "tempos modernos" -cuja cidade-símbolo
foi justamente Nova York. "Paralelo 42" (de
John dos Passos, Rocco, 376 págs., R$ 38,50) é o
primeiro dos três livros, e já está mais que bom
para ter uma idéia da ambição do autor.
A cidade também é ponto de partida de
"Sexus" (de Henry Miller, Cia. das Letras, 584
págs., R$ 60,50), que narra as aventuras sexuais,
afetivas e artísticas de um escritor tentando se
firmar na "big apple".
Pra terminar, duas histórias muito bem contadas
sobre as gravações de dois dos maiores discos
da história do jazz: "Kind of Blue" (de Ashley
Kahn, Barracuda, 256 págs., R$ 43), de Miles
Davis, e "A Love Supreme" (de Ashley Kahn,
Barracuda, 288 págs., R$ 44), de John Coltrane.
Tudo bem que o segundo foi gravado em Nova
Jersey, mas é só atravessar o rio que você chega lá.
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