São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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literatura

Fome de idéias

Mergulhe no mundo conceitual de "Cabeça Tubarão", estréia do jovem escritor inglês Steven Hall; leia entrevista

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O livro "Cabeça Tubarão" é uma história sobre amor e perda e sobre como as coisas em que acreditamos podem moldar o mundo onde vivemos. Por esse lado, eu diria, é um livro universal", explica o inglês Steven Hall, 32, sobre o enredo de seu livro de estréia, recém-lançado aqui.
Por outro lado, "Cabeça Tubarão" é um dos livros mais malucos e pouco convencionais que saíram no Brasil em 2007. Mostra a história de um sujeito, Eric, que acorda um dia sem se lembrar de nada do que aconteceu em sua vida recente.
Mas essa amnésia não foi causada pelo trauma da perda da namorada, Clio, de férias na Grécia. Sua memória foi devorada por um tubarão conceitual, que só existe na tinta preta do papel do livro e que ainda o persegue. Orientado por cartas que deixou para si mesmo antes do ataque, o livro mostra a saga de Eric à procura de ajuda para deter o bicho.
"Algumas vezes, no livro, se algo é possível lingüisticamente, torna-se possível na realidade. Afinal, o que nós vemos quando lemos um livro? Apenas formas feitas com tinta preta sobre papel branco", explicou ao Folhateen, por e-mail.
"Quando você o lê, muitas vezes é difícil visualizar a ação da história. É uma das razões que me fazem crer que não haverá versão para o cinema, embora haja muita gente trabalhando para provar que estou errado", diz o escritor, sobre a tentativa de roteiristas em transformar a obra em filme.
Afinal, criar um mundo onde a realidade dos personagens se funde com as letras impressas no papel do próprio livro que se lê não foi obra de um dia para o outro. "Para criar a história, tive que me colocar em um ponto de onde eu pudesse escrever convincentemente sobre um tubarão imaginário", explica Steven, que demorou cinco anos para concluir seu livro.
"Quis escrever uma obra que pudesse ser lida de modos diferentes. Gosto da idéia de que o ato de ler também é um processo criativo, de que o leitor está envolvido na criação do livro."
Portanto não se sinta mal se, ao ler "Cabeça Tubarão", tudo pareça muito fora da realidade. Mas isso não significa que a história possa ser entendida de qualquer jeito. "Para aqueles leitores mais minuciosos, há muitas pistas escondidas nele sobre o que realmente aconteceu." E vale a pena procurá-las.


CABEÇA TUBARÃO
Steven Hall
Companhia das Letras
R$ 53 (480 págs.)


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