São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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Sexo & Saúde

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Álcool e cigarro

QUANDO VOCÊ estiver lendo este texto, caro leitor, vamos completar quase dois meses da "lei seca" no país. Os nú meros iniciais indicam queda importante dos acidentes graves nas grandes cidades e do movimento das salas de emergência de hospitais do país. Seria motivo para comemorar. No entanto continuamos a ser informados, pelos jornais e pela televisão, quase que diariamente, de acidentes fatais, em que o condutor estava visivelmente embriagado. Em Florianópolis, por exemplo, no começo deste mês, um triatleta de pouco mais de 30 anos, que pedalava às 7h30 de um domingo, foi "atropelado" e morto por um estudante universitário, de 21, que voltava alcoolizado de uma balada. Na mesma madrugada, um jovem que se dirigia de moto para seu trabalho foi atingido por um carro conduzido por um engenheiro de 27, também alcoolizado. Os dois foram presos em flagrante.
Na última sexta feira, aqui em São Paulo, fui a um conhecido karaokê na Liberdade, onde boa parte dos freqüentadores bebia bem. Cerveja, saquê e caipirinha eram as bebidas preferidas. Arrisco dizer que pelo menos metade das pessoas bebia. Os estacionamentos, ao lado da casa, estavam lotados dos carros dos fregueses. Não vi nenhum táxi na saída nem nas proximidades.
Não ando com um bafômetro no bolso, mas posso dizer, tranqüilamente, pela fala arrastada e pelas atitudes algo "inadequadas" na fila do caixa onde se paga para sair, que muita gente estava, com certeza, além dos níveis de álcool permitidos para a condução de veículos. E muita gente saiu da balada guiando. Apesar de normalmente não beber muito, fui de táxi e voltei de carona.
É impossível que a fiscalização nas grandes cidades dê conta de todo o volume de gente que sai à noite e bebe. Ela trabalha por amostragem e espera-se um efeito dominó. Por saber que existem blitze, as pessoas evitariam beber e guiar. Mas um passo ainda mais importante seria a mudança de postura da população. Já disse aqui neste espaço e repito: é muito difícil que uma mudança de comportamento dessa dimensão aconteça da noite para o dia. Mas é importante que ela comece em algum momento. E cada um terá que fazer sua parte.
Em tempo: um amigo carioca se surpreendeu com o fato de as pessoas poderem fumar no karaokê em São Paulo. No Rio, graças a uma lei municipal, ficou proibido o fumo em ambientes fechados. Aproveitando que nossos candidatos a prefeito começam a desenhar suas campanhas, uma pergunta: quais os planos para São Paulo? Meu voto está declarado: proibição ao cigarro em locais fechados.


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