São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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turismo

Viagem pelos sofás do mundo

Mais barato e divertido que ficar em albergues, o couch surfing é um novo jeito de hospedagem entre os mochileiros

CAROL RAMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Viajar pelo mundo hospedando-se em albergues é coisa do passado. Pelo menos para quem está a fim de economizar ainda mais e fazer amigos. Esses são os principais motivos que levam muitos jovens a se cadastrarem em sites como o CouchSurfing.com, a nova modalidade de viagem adotada pelos mochileiros na internet, que propicia a experiência de receber ou ficar no sofá (couch) de alguém.
"É bom para quem vai fazer viagens longas, pois um albergue que custa 15 euros por noite pode acabar sendo muito caro numa viagem de dois meses", defende Pedro Alcântara, 20, estudante de teatro e de relações internacionais. No ano passado, Pedro viajou para os EUA para encontrar o irmão e esquiar na cidade de Iron River (Michigan) e acabou sendo hospedado por um casal.
O CS funciona de uma forma parecida com sites de relacionamento como o Orkut, onde o usuário cria um perfil e põe fotos e informações sobre seu gosto pessoal: música, filmes, hobbys e livros. Também faz parte do perfil -é opcional- descrições sobre si mesmo, tipo de pessoa que o usuário gosta e tópicos como "algo incrível que vi ou fiz ultimamente".
Felizmente não é só em sofás que dormem os couch surfers. Se a pessoa puder, oferece colchão, um lugar na cama ou até um quarto só para o hóspede. "Em Atenas, minha "host" ofereceu uma suíte com banheira e TV a cabo e fazia questão que eu comesse com a família dela", conta a Andressa Caldeira, 21.
Ela pratica o CS desde dezembro de 2006 e já viajou para vários países da Europa, como Espanha, Itália, Alemanha e Holanda. Nunca enfrentou nenhuma saia-justa e acha que, para o êxito da viagem, é importante que as duas partes conversem bastante. Acertar detalhes sobre horário, estilo de vida, hábitos alimentares e até o que levar é essencial.
"Ás vezes você passa semanas trocando e-mails com alguém que vai hospedar você e a pessoa some do nada", conta Henrique Alcântara, 24, irmão de Pedro, que já passou um tempo na Itália e nos EUA pelo CS. Por conta de situações como essa, a coisa mais valorizada pelos surfers é a honestidade.
As novas amizades também são um ponto a favor do CS. Os vínculos podem se tornar muito fortes, e a viagem se estender. Andressa hospedou um australiano e no ano que vem, quando pretende se mudar para Perth, na Austrália, vai ficar na casa dele enquanto procura um lugar para morar.
Para Clessio Hosa, 23, gaúcho de Guarano das Missões, a boa recepção depende de você ser um bom hóspede. Ele já foi para a Grécia e para a Polônia e é todo elogios ao programa.
Também hospedou um australiano e pretende conhecer alguns países da América do Sul, como Bolívia, Argentina e Peru, praticando o CS.
E a paquera? "Sempre rola", conta Henrique, que arrumou uma namorada suíça que ficou hospedada na casa de um amigo. Entre as atrações turísticas, o centro de São Paulo, a avenida Paulista e até uma favela.
"Para mim foi muito importante a experiência de vir para um lugar com diferenças sociais, isso não existe no meu pais", opina Helge Hagland, 26, norueguês que está há dois meses no Brasil. Helge, que já foi apelidado de Armandinho por seus amigos brasileiros, deu uma boa volta pelo Brasil, passeando por cidades da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. "O melhor daqui são as pessoas", conta, "Você é muito bem recebido."


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