São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Renato Stockler/Folha Imagem
O Bonde do Rolê, que abre para o TV on the Radio no Tim Festival, faz show para a faixineira Nair dos Santos


Música

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LETICIA DE CASTRO
LEANDRO FORTINO

DA REPORTAGEM LOCAL

P rivilégio ou roubada? Ser a banda de abertura de um festival com atrações internacionais badaladas pode ser uma oportunidade para novos artistas conquistarem público. Mas, por outro lado, também tem lá seus riscos: tocar com a casa vazia, para meia dúzia de gatos pingados desinteressados, que estão apenas esperando as estrelas gringas.
Mas os brasileiros que vão se apresentar no Tim Festival, que acontece de 27 a 29 de outubro no Rio, em São Paulo e em Vitória, não estão muito preocupados com essa questão.
"É muito melhor tocar com a casa cheia, mas nosso compromisso é fazer um show bom, independentemente do número de pessoas na platéia", diz Marcelo Campello, 24, violonista da pernambucana Mombojó.
Com sua mistura de rock, MPB e ritmos nordestinos, a banda vai abrir o show de Patti Smith e do trio Yeah Yeah Yeahs, sensação do rock nova-iorquino moderninho.
Mesmo não conhecendo nenhuma música do YYYs, Campello acha que "tem a ver" a escalação da noite. "É tudo pop. Queremos encarar um público novo, não temos medo."
Para ele, há vantagens em ser a abertura. "No final, as pessoas geralmente estão cansadas. Às vezes, o hype não é necessariamente a banda principal."
Mesmo assim, Campello confessa que nem sempre assiste a todas as atrações num festival. "Meu ouvido cansa rápido, preciso ser seletivo."
Rodrigo Gorki, 27, DJ e vocalista do Bonde do Rolê, acha que as bandas secundárias podem trazer boas surpresas. Ele conta que em um festival em 2004, que tinha como principal atração os Pixies, o show que o mais o empolgou foi justamente o do... Mombojó, que ele nunca tinha ouvido na época.
"Festival pode surpreender. Você vai para ver uma banda e acaba conhecendo outras", diz.
Com menos de um ano de vida, o Bonde já fez uma turnê na Europa, outra nos EUA e viaja nos próximos dias para nova temporada européia. Mas, apesar de fazer funk carioca, nunca se apresentou no Rio.
A estréia, no Tim, será abrindo para os americanos do TV on the Radio e do Thievery Corporation. "A vantagem de ser banda de abertura é pegar um público que não te conhece e conquistá-lo ao vivo", diz.
Para Rica Amabis, 32, produtor do Instituto, é natural que a incumbência de abrir a noite fique para os artistas brasileiros. "Essas bandas internacionais nunca vêm ao Brasil, elas têm que ter prioridade mesmo. E para a gente é até melhor abrir, porque ficamos livres para ver os outros shows", diz.
Ele conta que o Instituto já estava negociando com a organização do Tim Festival há três anos, mas só agora deu certo.
"Demorou, mas rolou perfeito", fala, em referência aos artistas para quem a banda vai abrir: DJ Shadow e Beastie Boys, duas grandes influências.
"Para nós, não faz diferença tocar para muita ou pouca gente. O importante é ganhar o público que estiver lá", diz Rica.
Já Marcelo Birck, 41, acha que não corre o risco de enfrentar uma casa vazia. "Não sei direito qual é o público das outras bandas [Black Dice e Bad Plus], mas sei que muita gente vai ao festival para ver o meu show", garante o músico, que vai fazer uma espécie de interação eletrônica no palco. Além de uma banda, vai usar um laptop.
Mais orgânica deverá ser a apresentação da cantora paulista Céu, 26, que mistura música africana à sua receita de MPB com eletrônica. Ela diz estar preparada. "É claro que é bom tocar para a platéia completa, mas não me incomodo. Já fiz vários shows assim, mas tenho certeza de que muita gente vai ver meu show. Há espaço para todo mundo", confia Céu, que já é freguesa da dupla malinesa Amadou & Marian.
"Sou fã e já abri dois shows deles, um em Paris e outro em Toronto. São maravilhosos, têm um trabalho bem bacana."


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