São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trabalho não deve interferir nos estudos

DA REPORTAGEM LOCAL

Há diversas questões que devem ser levadas em consideração antes de um jovem aceitar um emprego de fim de ano, segundo especialistas ouvidos pelo Folhateen. Marcos Vono, 40, psicólogo e gerente de carreiras do Instituto Brasileiro de Tecnologia, acha que, se a atividade não prejudicar os estudos, é muito positivo que o jovem busque uma experiência, como uma atividade comercial no fim do ano.
"O jovem tem de continuar investindo em conhecimento mas também tem de aprender a lidar com as diferenças que acontecem no ambiente de trabalho."
Para Vono, muitos jovens não têm idéia de como funciona uma organização e, às vezes, podem ter um potencial muito grande, mas têm uma postura equivocada, porque nunca viveram a experiência do trabalho.
Para Natércia Tiba, 29, psicóloga de crianças e adolescentes, a decisão de um jovem trabalhar ou não deve vir de casa, porque o adolescente segue as regras da família. "O jovem que busca emprego muitas vezes pensa: "Eu trabalho, esse dinheiro é meu", e isso dá a ele um poder que ele não teria." Segundo ela, a família deve conversar com o jovem para saber qual é o objetivo dele com o trabalho e se o emprego interferirá nos estudos.
"O que tem de ficar claro é que, se é um jovem que ainda é sustentado pela família, o trabalho não vai mudar isso. As obrigações continuam, e o trabalho pode acabar mais atrapalhando do que ajudando", explica.
Helena Abramo, 45, socióloga e consultora especial do projeto Juventude, que lança hoje a pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, identificou nesse estudo que a relação do jovem com o trabalho é muito mais ampla e complexa do que se pensava.
"Entre as questões levantadas pela pesquisa estava qual palavra está mais associada ao trabalho. Em primeiro lugar veio necessidade, mas em seguida veio independência. Trabalho tem a ver com a questão de ter dinheiro para fazer os gastos que eles consideram interessantes e que não são necessariamente aqueles definidos pela família como prioritários. Eles sabem que só vão poder fazê-los se tiverem o próprio dinheiro, do qual eles podem decidir a aplicação."


Texto Anterior: Férias de mangas arregaçadas
Próximo Texto: Escuta aqui - Álvaro Pereira Júnior: Fama, fama, fatal fama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.