DA REPORTAGEM LOCAL

A capa -uma foto de melancolia indefinida em que os quatro integrantes da banda aparecem num cenário bucólico- denuncia as intenções quase ingênuas por trás das 17 canções de cerca de dois minutos de "Riding Lessons", o segundo álbum da banda indie paulistana Pullovers, que acaba de ser lançado.
Cada faixa insiste em abordar com lirismo fatos perdidos do cotidiano comum e preenche, com uma combinação bem dosada de peso e doçura, o vazio deixado pela teoria da moda de que, para falar de amor sem abdicar da barulheira, é preciso fazer emocore.
Sem desviar dos caminhos pop rock apontados pelo primeiro álbum, "Pullovers Can't Play Covers", nem ceder às pressões nacionalistas que defendem letras em português, o Pullovers amadureceu o lado pueril de suas canções. Investiu em um som mais sujo, sem perder a suavidade e a ternura que uma vez rendeu a suas músicas o título de "fofas": backing vocals, palmas, letras ingênuas e cheias de metáforas, ironia, melodias grudentas e o poder de despertar no ouvinte a vontade de cantar junto (tudo culpa do compositor e vocalista Luiz Venâncio, 26).
É assim na potência de "Modern Times Gal", nos vocais sutis de "Pimple Princess" e na tristeza de "Der Blaue Reiter". Não toca no rádio, não tem clipe na MTV, mas dá para saber mais, ouvir e comprar no site www.re verb.com.br/pullovers.
(FERNANDA MENA)