São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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música

Já era

DJs param de comprar discos novos e as novas tendência musicais ficam de fora das principais raves do país; seria o fim de uma era?

DANIEL SOLYSZKO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cenário: um sítio ou fazenda distante entre meia hora e uma hora de algum centro urbano. Embaixo de uma tenda, uma decoração de estilo hippie é cercada por tecnologia de última geração destinada a saturar os sentidos: telões digitais, iluminação extravagante, sistema de som potente. Em contraste, os arredores não poderiam ser mais bucólicos, compostos de vegetação, lagos e, invariavelmente, muita lama. A experiência é conhecida de muita gente: as raves de psy trance.
Dez anos depois de raves como a XXXPerience e a extinta Fusion começarem a chamar a atenção por atrair públicos acima de 5.000 pessoas, o psy, como é popularmente conhecido, se mantém como o estilo mais popular de música eletrônica no Brasil. Mas o que mudou em todos esses anos?
Aparentemente, muito pouco. O público cresceu, mas se mantém estável há algum tempo. A morte de algum adolescente que exagerou no consumo de drogas volta e meia é vista nos jornais. A polícia continua realizando batidas-surpresa.
E a música? Fãs e detratores podem ficar tranqüilos: o psy ainda é o mesmo estilo épico e bombástico de sempre, com músicas longas que parecem estar sempre perto do auge, ecoando madrugada adentro e se estendendo pelas tardes do dia seguinte.
Para Rica Amaral, veterano DJ da cena e um dos criadores da XXXPerience, uma das mais antigas e populares raves, o que realmente importa é o clima e o ambiente das festas, e não a preocupação de inovar. "Não é nisso que eu acredito. Não é a quantidade, é a qualidade, o que você transmite com a musica que toca", afirma.
Em relação a novas tendências dentro da música eletrônica, Rica diz que não pára de ter vertente nova, mas no fim acha isso uma porcaria. "Isso divide a força. Pra mim não é positivo, é jogo de ego." Mas não parece natural que estilos novos surjam com o tempo? "Isso é natural, tudo é evolução. Mas, mesmo assim, rola aquela coisa xiita, vira aquela guerrinha interna. Eu não acho muito positivo", diz.
Outro nome importante do cenário brasileiro de psy é o DJ Du Serena, criador e um dos principais DJs da Tribe. Assim como Amaral, Serena afirma que a rave não toca exclusivamente psy, mas admite que o estilo sempre foi predominante. Em relação a novos nomes tocando na festa, afirma que "existe um rigoroso processo de seleção e planejamento dos artistas da Tribe". "Festa e local são decididos de acordo com o momento de cada artista. Lançamento de álbum é ótimo."
Questionado sobre novidades no gênero, Serena cita os Krome Angels como revelação, por misturarem elementos de electro e eurotrance. Ainda assim parece pouco para afirmar que existe de fato algo novo acontecendo nas raves brasileiras e no psy mais especificamente. O público parece não se importar, mas, para quem curte novidades, o psy já era faz um tempão.


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