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música
Já era
DJs param de comprar discos novos e as
novas tendência musicais ficam de fora das principais raves do país; seria o fim de uma era?
DANIEL SOLYSZKO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O cenário: um sítio ou
fazenda distante
entre meia hora e
uma hora de algum
centro urbano. Embaixo de uma tenda, uma decoração de estilo hippie é cercada
por tecnologia de última geração destinada a saturar os sentidos: telões digitais, iluminação extravagante, sistema de
som potente. Em contraste, os
arredores não poderiam ser
mais bucólicos, compostos de
vegetação, lagos e, invariavelmente, muita lama. A experiência é conhecida de muita gente:
as raves de psy trance.
Dez anos depois de raves como a XXXPerience e a extinta
Fusion começarem a chamar a
atenção por atrair públicos acima de 5.000 pessoas, o psy, como é popularmente conhecido,
se mantém como o estilo mais
popular de música eletrônica
no Brasil. Mas o que mudou em
todos esses anos?
Aparentemente, muito pouco. O público cresceu, mas se
mantém estável há algum tempo. A morte de algum adolescente que exagerou no consumo de drogas volta e meia é vista nos jornais. A polícia continua realizando batidas-surpresa.
E a música? Fãs e detratores
podem ficar tranqüilos: o psy
ainda é o mesmo estilo épico e
bombástico de sempre, com
músicas longas que parecem
estar sempre
perto do auge,
ecoando madrugada adentro e se estendendo pelas
tardes do dia
seguinte.
Para Rica
Amaral, veterano DJ da cena e
um dos criadores da XXXPerience, uma das
mais antigas e populares raves,
o que realmente importa é o clima e o ambiente das festas, e
não a preocupação de inovar.
"Não é nisso que eu acredito.
Não é a quantidade, é a qualidade, o que você transmite com a
musica que toca", afirma.
Em relação a novas tendências dentro da música eletrônica, Rica diz que não pára de ter
vertente nova, mas no fim acha
isso uma porcaria. "Isso divide
a força. Pra mim não é positivo,
é jogo de ego." Mas não parece
natural que estilos novos surjam com o
tempo? "Isso é
natural, tudo é
evolução. Mas,
mesmo assim,
rola aquela coisa xiita, vira
aquela guerrinha interna.
Eu não acho
muito positivo", diz.
Outro nome importante do cenário brasileiro de psy é o DJ Du
Serena, criador e um dos principais DJs da Tribe. Assim como
Amaral, Serena afirma que a rave
não toca exclusivamente psy, mas
admite que o estilo sempre foi
predominante. Em relação a novos nomes tocando na festa, afirma que "existe um rigoroso processo de seleção e planejamento
dos artistas da Tribe". "Festa e local são decididos de acordo com o
momento de cada artista. Lançamento de álbum é ótimo."
Questionado sobre novidades
no gênero, Serena cita os Krome
Angels como revelação, por misturarem elementos de electro e
eurotrance. Ainda assim parece
pouco para afirmar que existe de
fato algo novo acontecendo nas
raves brasileiras e no psy mais especificamente. O público parece
não se importar, mas, para quem
curte novidades, o psy já era faz
um tempão.
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