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POLÍTICA
Jovens de 13 Estados do Brasil discutem os 14 anos do ECA
Marcha pelo estatuto
DA REPORTAGEM LOCAL
Se fosse uma pessoa, ele estaria em
plena adolescência: no dia 13 de julho, fez aniversário de 14 anos o Estatuto da Criança e do Adolescente, bastante
conhecido também pela sua sigla, ECA. Da
mesma forma que um jovem, ele já deu
mostras da sua força, já marcou posição, já
disse a que veio. Mas ainda não realizou
completamente o seu potencial.
Na semana passada, cerca de 300 jovens
de 13 Estados participaram em Brasília do
1º Encontro Nacional de Adolescentes,
promovido pela ONG Visão Mundial. Um
dos principais objetivos era celebrar os 14
anos do ECA, qualificar a compreensão sobre o assunto e difundir os seus princípios.
Os jovens que foram a Brasília são atendidos pela Visão Mundial no semi-árido nordestino, no Vale do Jequitinhonha (norte
de MG), no Amazonas, no Tocantins e nas
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza. A ONG atua em comunidades carentes por meio de PDAs (Programas
de Desenvolvimento de Área), estimulando o protagonismo juvenil.
Judvan Alves Ferreira, 15, do PDA do Tocantins, dá palestras em escolas sobre DSTs
(doenças sexualmente transmissíveis) e
trabalha no programa Baú de Leituras, que
incentiva o hábito entre as crianças. "Eu
aprendi muitas coisas sobre o ECA, não conhecia todos os direitos dos jovens", disse.
"O encontro também vai servir para que a
gente passe tudo isso para os outros que
não puderam vir."
De fato, um dos principais impedimentos
para que o ECA seja cumprido como deveria é a falta de conhecimento mais aprofundado sobre ele. No papel, é uma das leis
mais avançadas do mundo sobre o assunto,
que inclusive já serviu de modelo para outros países. Na prática, no entanto, não é totalmente aplicado.
A substituição do modelo das Febems
por unidades socioeducativas, prevista no
ECA, é um exemplo. Uma pesquisa recente
do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) constatou que 73% das instituições têm estrutura física inadequada.
Além de oficinas sobre como fazer valer o
ECA, os jovens também discutiram no encontro temas como auto-estima, maternidade e paternidade responsável e comportamento de risco.
Na quarta, os jovens marcharam da Catedral de Brasília ao Palácio do Planalto para
entregar um documento com as suas propostas nas áreas de educação, saúde, cultura, trabalho e cidadania. Uma delas é a inserção do ECA no currículo escolar como
conteúdo transversal.
"Não é todo mundo que sabe os direitos
dos adolescentes", diz Fabiola Pereira do
Nascimento, 18, que é instrutora de informática e cidadania no PDA de Recife.
"Quando a gente tem mais acesso a esse tipo de conhecimento, percebe que as oportunidades estão aí, basta que a gente se esforce para chegar lá. Se a gente só pensa que
é difícil, não sai do lugar."
Quem quiser conhecer o Estatuto da
Criança e do Adolescente na íntegra pode
lê-lo em www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Vale a pena.
(ALESSANDRA KORMANN)
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