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Guerra e Terror
SÉRIE MISTURA FOTO
E QUADRINHOS E AJUDA A ENTENDER O AFEGANISTÃO
DE ONTEM E DE HOJE
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Chegou ao Brasil o terceiro e
último volume de "O Fotógrafo", um biscoito finíssimo que
integra HQ e foto para contar a
história da cobertura que o francês Didier Lefèvre fez de uma
missão humanitária em 1986.
Lefèvre (1957-2007), o fotógrafo, tem sua aventura recontada a partir de uma bem sacada fusão narrativa entre os quadrinhos e os negativos revelados -naquela época, não havia
fotografia digital.
Como as fotos não são exatamente primorosas, o atrativo
principal do livro é entender
melhor o Afeganistão.
Se você acompanha o noticiário, sabe que não se passa
um dia sem que o nome desse
distante país do sul asiático encabece reportagens sobre guerra e terror.
Como o leitor de "O Fotógrafo" verá, há mais de 20 anos já
era assim (na verdade, há bem
mais que isso). Ele enfoca o período em que os soviéticos ocupavam o Afeganistão, e os EUA
forneciam armas e dinheiro para a resistência aos comunistas.
A missão que o fotógrafo documenta é da ONG Médicos
Sem Fronteiras, que, com muita dificuldade, leva remédios e
profissionais a recantos de uma
grande área sem lei: a fronteira entre Paquistão e Afeganistão.
Sabiamente, ONGs picaretas que serviam de fachada
para tráfico de armas, drogas e espionagem também
são retratadas -e elas existem, bem atuantes, até hoje.
Os afegãos são mostrados
por lentes desassombradas.
Suas qualidades e defeitos
estão lá, assim como o estranhamento do estrangeiro.
Não há o exagero ideológico de Joe Sacco, principal
nome do jornalismo em quadrinhos. O retrato é bem fiel.
Num dado momento, Lefèvre esbarra num sujeito
obcecado por saber sua religião. Gente que, depois que
a União Soviética bateu em
retirada e que os EUA desencanaram de mandar dinheiro, se viraram contra o Ocidente e hoje atendem pelo
nome de Taleban, Al Qaeda e
afins.
Aí está o problema dessa
pequena lição de história e
jornalismo. Não há no livro a
intenção de fazer o "link"
com o presente. É preciso estar em dia com a história do
lugar ou ao menos fazer um
bom Google antes de começar a ler. Faça. Vale a pena.
IGOR GIELOW fez coberturas de guerra no
Afeganistão e no Paquistão (2001, 2008 e
2009), sempre pela Folha.
O FOTÓGRAFO - VOLUME 3
Didier Lefèvre (fotos), Emmanuel Guibert (quadrinhos), Frédéric Lemercier (cores)
Editora Conrad
Quanto R$ 46
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