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CINEMA
Há 50 anos, morria James Dean, ator que personificou um espírito juvenil que marcou a cultura das décadas seguintes
Rebeldia indomável
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
James Dean é parente próximo da Coca-Cola. Símbolo que é citado tanto
em músicas do R.E.M. como em filme
de David Cronenberg, o ator não é muito
diferente da bebida, uma vez que ambos
são ícones da cultura pop. No aniversário
de 50 anos da sua morte, Dean ainda conserva o mito de rebelde sem causa e, como a
bebida, segue fresco e gasoso.
Sua imagem inspirou controversas teorias sobre por que possuía um gênio atormentado e era, ao mesmo tempo, introspectivo, brincalhão, misterioso e melancólico. Mas o que interessa é que Dean fez bonito nos três filmes em que atuou e traduziu um estado de espírito juvenil dos anos
50 que até aos hippies encantaria.
Sim, Marlon Brando (1924-2004), outro
selvagem das telas, foi o maior ator da história, mas teve seu mito "humanizado" pelo tempo. Além disso, não teve sua vida
marcada por uma tragédia tão espetacular
como a de Dean, que morreu aos 24 anos,
em 30 de setembro de 1955, num acidente
de carro na Califórnia.
A tragédia aconteceu quando seu primeiro filme estava em cartaz, "Vidas Amargas"
(55), de Elia Kazan, sobre um caçula revoltado que disputa o amor do pai. Dean estabeleceu sua marca com interpretações dramáticas e intensas, mas modernas e cheias
de improvisos. Já no ano seguinte, com
"Assim Caminha a Humanidade" (56), de
George Stevens, Dean recebeu a indicação
póstuma ao Oscar de ator coadjuvante.
Mas foi "Juventude Transviada" (55), de
Nicholas Ray, lançado dois dias depois de
sua morte, que lhe pôs a coroa de ícone da
rebeldia dos jovens que surgiam naqueles
anos 50, após a Segunda Guerra Mundial.
O protagonista brigava, bebia e tirava rachas para tentar compreender aquele mundo adulto e enigmático dos seus pais. Até
então, era inédito um filme que se colocasse
junto aos jovens que peitavam o conservadorismo e a hipocrisia do modelo familiar.
Dean passou também pela TV e o teatro,
mas sua carreira aconteceu mesmo nos 15
meses em que realizou esses três filmes.
Neles, cedeu um modelo para a geração
que surgia no pós-guerra, menos careta e
um tanto atordoada e órfã de referências.
O espaço de liberdade que os adolescentes possuem hoje, enfim, tem muito do que
foi projetado por James Dean.
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