São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2005

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CINEMA

Há 50 anos, morria James Dean, ator que personificou um espírito juvenil que marcou a cultura das décadas seguintes

Rebeldia indomável

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

James Dean é parente próximo da Coca-Cola. Símbolo que é citado tanto em músicas do R.E.M. como em filme de David Cronenberg, o ator não é muito diferente da bebida, uma vez que ambos são ícones da cultura pop. No aniversário de 50 anos da sua morte, Dean ainda conserva o mito de rebelde sem causa e, como a bebida, segue fresco e gasoso.
Sua imagem inspirou controversas teorias sobre por que possuía um gênio atormentado e era, ao mesmo tempo, introspectivo, brincalhão, misterioso e melancólico. Mas o que interessa é que Dean fez bonito nos três filmes em que atuou e traduziu um estado de espírito juvenil dos anos 50 que até aos hippies encantaria.
Sim, Marlon Brando (1924-2004), outro selvagem das telas, foi o maior ator da história, mas teve seu mito "humanizado" pelo tempo. Além disso, não teve sua vida marcada por uma tragédia tão espetacular como a de Dean, que morreu aos 24 anos, em 30 de setembro de 1955, num acidente de carro na Califórnia.
A tragédia aconteceu quando seu primeiro filme estava em cartaz, "Vidas Amargas" (55), de Elia Kazan, sobre um caçula revoltado que disputa o amor do pai. Dean estabeleceu sua marca com interpretações dramáticas e intensas, mas modernas e cheias de improvisos. Já no ano seguinte, com "Assim Caminha a Humanidade" (56), de George Stevens, Dean recebeu a indicação póstuma ao Oscar de ator coadjuvante.
Mas foi "Juventude Transviada" (55), de Nicholas Ray, lançado dois dias depois de sua morte, que lhe pôs a coroa de ícone da rebeldia dos jovens que surgiam naqueles anos 50, após a Segunda Guerra Mundial. O protagonista brigava, bebia e tirava rachas para tentar compreender aquele mundo adulto e enigmático dos seus pais. Até então, era inédito um filme que se colocasse junto aos jovens que peitavam o conservadorismo e a hipocrisia do modelo familiar.
Dean passou também pela TV e o teatro, mas sua carreira aconteceu mesmo nos 15 meses em que realizou esses três filmes.
Neles, cedeu um modelo para a geração que surgia no pós-guerra, menos careta e um tanto atordoada e órfã de referências.
O espaço de liberdade que os adolescentes possuem hoje, enfim, tem muito do que foi projetado por James Dean.

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