São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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NA ESTRADA

Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br

Entrevista com vampiros

Desde criança eu tive que lidar com a minha palidez. Minhas amigas conseguiam belas cores do verão com facilidade, enquanto eu tinha que ir ao sol todos os dias para mudar o visual. Passei a usar só preto. Era também obcecada por filmes de terror. "Entrevista com o Vampiro" era um dos meus preferidos. Eu sonhava em entrevistar o vampiro Brad Pitt e em ser mordida pelo Tom Cruise. "Você já deu adeus à luz?", Lestat perguntava antes de morder Louis, e em algum lugar da minha criativa mente juvenil eu desejava ser imortal e viver na escuridão como eles.
Então, anos depois, fui parar na Finlândia. Era verão e não ficava escuro. As pessoas bebiam de maneira alegre e desesperada, pois em breve o sol as abandonaria e o inverno cairia sobre o país como uma maldição.
Um dia estava experimentando coquetéis em Helsinque quando Jyrki 69, vocalista do 69 Eyes, veio me encontrar. Alto, pálido, de cabelos negros e óculos escuros, apareceu para falar de seu novo e nono álbum, "Back in Blood", que sai em setembro. "Não é uma surpresa que a inspiração tenha vindo do mundo dos vampiros. Quase todas as músicas têm algo a ver com os mortos-vivos ou com o gênero do horror. Os vampiros estão tomando conta do mundo", resumiu, lembrando-me de que se autonomeia "o vampiro preferido de Helsinque".
O primeiro single do álbum chama-se "Dead Girls Are Easy". Nosso amigo Ville Valo achou o título ligado demais à necrofilia, e expressou sua preocupação com a possível proibição do clipe que Bam Margera já gravou, mas eu achei interessante. Polêmico, no mínimo.
Outra banda vampiresca que me conquistou de maneira esquisita foi Bloodpit, que existe desde 94 e veio a mim dentro de uma garrafa preta de Salmiakki Koskenkorva, licor popular entre locais e turistas. É claro que foi uma ideia da Backstage Alliance, gravadora da banda, mas fez efeito. O rótulo dizia "Experimente o folclore finlandês", então o fiz ouvindo o novo álbum do grupo, "The Last Day Before the First", e gostei da mistura.
A verdade é que, como todos, caí na moda. E como diria o personagem de Kiefer Sutherland em "The Lost Boys": "É muito tarde. Meu sangue já corre em suas veias".


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