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SAÚDE
Sorria, você está sendo isolado
Quarentena
por suspeita de gripe A
vira férias adiantadas para uns e chateação para outros
CHICO FELITTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez dias antes de as aulas
da oitava série terminarem (e em plena semana
de provas!), Eliza de Lima, 17,
passava boa parte do tempo navegando na internet, em casa.
Ela estava de quarentena.
Eliza gripou logo depois de um
colega voltar da Argentina e ser
diagnosticado com o vírus.
O medo de que ela também
estivesse "com a suína" levou o
médico a aconselhar que ficasse "de molho" por uma semana.
Depois do susto inicial e de
melhorar um pouco da dor de
garganta, ela relaxou e começou a curtir o ócio -"Tirei uma
lasquinha pra ficar em casa...".
No silêncio da distância dos
irmãos, leu "Quarup", de Antônio Callado, e "twittou" muito.
Não tivesse que guardar os
copos e talheres que usava em
uma sacolinha, para depois desinfetá-los com água sanitária,
diz que seriam ótimas férias.
Eliza ainda não sabe quando
repõe as provas do bimestre.
Quarentena de mel
Outro que perdeu aula foi Fabrício Zagati, 22, que estuda
biotecnologia na Unesp (Universidade Estadual Paulista).
O campus da universidade
em Assis (SP) decretou quarentena aos estudantes de ciências
biológicas em 22 de junho, porque uma aluna estava doente.
Pelo menos outras 12 escolas
também adiantaram as férias
no Estado de São Paulo.
Fabrício não deu nem um espirro e ficou uma semana em
casa, acompanhado pela namorada e só saindo para comprar
comida. Foi boa a "lua de mel"?
"Chegou uma hora em que
ninguém mais aguentava ficar
em casa!", diz. Tirando que a
galera olhava estranho quando
iam ao mercado usando as máscaras cirúrgicas recomendadas.
O isolamento deu outro presente de grego para Fabrício. A
apresentação de seu trabalho
de conclusão de curso foi adiada em 20 dias... mas ele já tinha
entregado a monografia.
"Agora, em vez de usar a folga
para melhorar algo, só é mais
tempo para ficar nervoso."
Ana, 15, que não quis revelar
o sobrenome, também anda
nervosa por São Paulo. Não pela doença, mas por sua sombra.
"Minha mãe me faz sair de
máscara e meus amigos riem."
Por causa do "acessório", ela
se impôs uma autoquarentena.
Diz que só vai pra rua se for
"com o focinho de fora".
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