São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

Texto Anterior | Índice

SAÚDE

Sorria, você está sendo isolado

Quarentena por suspeita de gripe A vira férias adiantadas para uns e chateação para outros

CHICO FELITTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez dias antes de as aulas da oitava série terminarem (e em plena semana de provas!), Eliza de Lima, 17, passava boa parte do tempo navegando na internet, em casa.
Ela estava de quarentena. Eliza gripou logo depois de um colega voltar da Argentina e ser diagnosticado com o vírus.
O medo de que ela também estivesse "com a suína" levou o médico a aconselhar que ficasse "de molho" por uma semana.
Depois do susto inicial e de melhorar um pouco da dor de garganta, ela relaxou e começou a curtir o ócio -"Tirei uma lasquinha pra ficar em casa...".
No silêncio da distância dos irmãos, leu "Quarup", de Antônio Callado, e "twittou" muito.
Não tivesse que guardar os copos e talheres que usava em uma sacolinha, para depois desinfetá-los com água sanitária, diz que seriam ótimas férias.
Eliza ainda não sabe quando repõe as provas do bimestre.

Quarentena de mel
Outro que perdeu aula foi Fabrício Zagati, 22, que estuda biotecnologia na Unesp (Universidade Estadual Paulista).
O campus da universidade em Assis (SP) decretou quarentena aos estudantes de ciências biológicas em 22 de junho, porque uma aluna estava doente.
Pelo menos outras 12 escolas também adiantaram as férias no Estado de São Paulo.
Fabrício não deu nem um espirro e ficou uma semana em casa, acompanhado pela namorada e só saindo para comprar comida. Foi boa a "lua de mel"?
"Chegou uma hora em que ninguém mais aguentava ficar em casa!", diz. Tirando que a galera olhava estranho quando iam ao mercado usando as máscaras cirúrgicas recomendadas.
O isolamento deu outro presente de grego para Fabrício. A apresentação de seu trabalho de conclusão de curso foi adiada em 20 dias... mas ele já tinha entregado a monografia.
"Agora, em vez de usar a folga para melhorar algo, só é mais tempo para ficar nervoso."
Ana, 15, que não quis revelar o sobrenome, também anda nervosa por São Paulo. Não pela doença, mas por sua sombra.
"Minha mãe me faz sair de máscara e meus amigos riem."
Por causa do "acessório", ela se impôs uma autoquarentena. Diz que só vai pra rua se for "com o focinho de fora".

Texto Anterior: Na estrada - Mayra Dias Gomes: Entrevista com vampiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.