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música
O velho e o novo
Bebel Gilberto e
Roberta Sá: qual é a
tradição e qual é a
modernidade da MPB?
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tem gente que odeia
MPB. Para essa turma, um dos motivos
para tanta falta de
amor no coração é
que a música brasileira estaria
estagnada. E o que dizer das novas cantoras, que pipocam Brasil afora, dançando descalças e
tentando imitar Elis Regina?
Esse estereótipo realmente
marcou (e ainda marca) presença por aqui. Mas as coisas
têm mudado, como mostram
os bons novos CDs de duas cantoras de gerações diferentes:
Roberta Sá, 26, e Bebel Gilberto, 41. Mas resta a questão: o
que é novo e o que é velho na
música brasileira?
Pegue Bebel, por exemplo.
De certa maneira, ela repete o
papel que seu pai, João Gilberto, desempenhou nos anos 60.
Se ele ajudou a criar a bossa nova e a colocar o país na rota dos
sons que interessam lá fora, Bebel também fascina o mundo
inteiro, com uma música que é
brasileira e internacional ao
mesmo tempo. Mas ela iniciou
uma peste "moderna": a mistura de bossa nova com música
eletrônica, trilha de todo barzinho metido a besta.
Neste "Momento", Bebel
tenta ir além da fórmula. E dá
certo. Ela encontra parceiros
contemporâneos, como o nova-iorquino Brazilian Girls (em
"Bring Back to Love") e o carioca Orquestra Imperial (em
"Tranqüilo"), e reinventa nomes das antigas, como Cole
Porter ("Night and Day") e um
Chico Buarque menos conhecido ("Caçada").
Já a potiguar Roberta Sá,
uma das queridas de Caetano
Veloso, é da novíssima geração.
Este seu segundo disco, "Que
Belo Estranho Dia pra se Ter
Alegria", é a confirmação de
que estamos diante de uma das
cantoras da atualidade a se
prestar atenção. Por alguns instantes, ela parece seguir o estereótipo das moças descalças.
Sua música, no entanto, não fica presa no passado.
Roberta é intérprete, mas
não fica só regravando Elis,
Tom Jobim, Chico etc. -aliás,
desconfie de qualquer intérprete que aparecer com os hits
de sempre desses figurões.
No disco, ela buscou compositores mais contemporâneos.
É o caso do alucinado Junio
Barreto (em "O Pedido"), Moreno Veloso e Quito Ribeiro
("Mais Alguém) ou Pedro Luís
("Janeiros"). Mas, de repente
ela dá uma volta, e retoma nomes das antigas, como Dona
Ivone Lara e Délcio Carvalho
na regravação do samba "Cansei de Esperar Você".
Roberta Sá e Bebel Gilberto
levam o ouvinte a entender que
o novo e o velho podem conviver numa boa na MPB.
MOMENTO
Bebel Gilberto
http://www.bebelgilberto.com
Ouça: "Os Novos Yorkinos"
QUE BELO ESTRANHO DIA PRA SE TER ALEGRIA
Roberta Sá
http://www.robertasa.com.br
Ouça: "O Pedido"
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