São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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música

O velho e o novo

Bebel Gilberto e Roberta Sá: qual é a tradição e qual é a modernidade da MPB?

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tem gente que odeia MPB. Para essa turma, um dos motivos para tanta falta de amor no coração é que a música brasileira estaria estagnada. E o que dizer das novas cantoras, que pipocam Brasil afora, dançando descalças e tentando imitar Elis Regina?
Esse estereótipo realmente marcou (e ainda marca) presença por aqui. Mas as coisas têm mudado, como mostram os bons novos CDs de duas cantoras de gerações diferentes: Roberta Sá, 26, e Bebel Gilberto, 41. Mas resta a questão: o que é novo e o que é velho na música brasileira?
Pegue Bebel, por exemplo. De certa maneira, ela repete o papel que seu pai, João Gilberto, desempenhou nos anos 60. Se ele ajudou a criar a bossa nova e a colocar o país na rota dos sons que interessam lá fora, Bebel também fascina o mundo inteiro, com uma música que é brasileira e internacional ao mesmo tempo. Mas ela iniciou uma peste "moderna": a mistura de bossa nova com música eletrônica, trilha de todo barzinho metido a besta.
Neste "Momento", Bebel tenta ir além da fórmula. E dá certo. Ela encontra parceiros contemporâneos, como o nova-iorquino Brazilian Girls (em "Bring Back to Love") e o carioca Orquestra Imperial (em "Tranqüilo"), e reinventa nomes das antigas, como Cole Porter ("Night and Day") e um Chico Buarque menos conhecido ("Caçada").
Já a potiguar Roberta Sá, uma das queridas de Caetano Veloso, é da novíssima geração. Este seu segundo disco, "Que Belo Estranho Dia pra se Ter Alegria", é a confirmação de que estamos diante de uma das cantoras da atualidade a se prestar atenção. Por alguns instantes, ela parece seguir o estereótipo das moças descalças. Sua música, no entanto, não fica presa no passado.
Roberta é intérprete, mas não fica só regravando Elis, Tom Jobim, Chico etc. -aliás, desconfie de qualquer intérprete que aparecer com os hits de sempre desses figurões.
No disco, ela buscou compositores mais contemporâneos. É o caso do alucinado Junio Barreto (em "O Pedido"), Moreno Veloso e Quito Ribeiro ("Mais Alguém) ou Pedro Luís ("Janeiros"). Mas, de repente ela dá uma volta, e retoma nomes das antigas, como Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho na regravação do samba "Cansei de Esperar Você".
Roberta Sá e Bebel Gilberto levam o ouvinte a entender que o novo e o velho podem conviver numa boa na MPB.


MOMENTO
Bebel Gilberto
http://www.bebelgilberto.com
Ouça: "Os Novos Yorkinos"



QUE BELO ESTRANHO DIA PRA SE TER ALEGRIA
Roberta Sá
http://www.robertasa.com.br
Ouça: "O Pedido"



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