São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Princesas do tatame

MENINAS DO JUDÔ CONQUISTAM MELHOR RESULTADO DO PAÍS EM MUNDIAIS

Neco Varella/Folhapress
Mayra Aguiar, 19, exibe suas medalhas

TARSO ARAUJO
DE SÃO PAULO

Elas nunca foram tão novas nem tão vencedoras. Na semana passada, as judocas da seleção brasileira voltaram do último Campeonato Mundial de Judô, realizado no Japão, com a melhor campanha do país na história.
E o que é melhor: com média de idade de 20,6 anos, elas estão só começando.
Mayra Aguiar, 19, ganhou uma medalha de prata inédita para o Brasil. Já Sarah Menezes, 20, conseguiu um bronze. Suas duas medalhas são quase a metade das cinco que o judô feminino já conquistou em toda sua história nos mundiais.
O retrospecto revela a falta de tradição das brasileiras no esporte. Mas o resultado da nova geração nesse e em outros torneios internacionais importantes mostra que o quadro pode mudar em breve. E aumenta a esperança do país de obter um recorde de medalhas na modalidade em 2012, em Londres.
"Não somos mais só promessa. Já é uma realidade. Estamos vendo que não é impossível [ganhar uma Olimpíada]", diz Mayra, que venceu no Japão a atual campeã olímpica e mais duas medalhistas de Pequim-2008.
"A gente esta amadurecendo e acumulando experiência. De pouco em pouco, estamos chegando", faz coro Sarah Menezes, 20, bronze no mundial.

FEMININO PROFISSA
As meninas treinam de quatro a seis horas diárias, de segunda à sábado. Dão tudo de si para fazer bonito nos tatames, mas seu sucesso também é consequência de mudanças fora dele.
Nos últimos cinco anos, a Confederação Brasileira de Judô passou a tratar o feminino da mesma forma que o masculino, com equipe e orçamento próprios.
"Hoje eu recebo até salário", diz Mayra. "A estrutura melhorou muito desde a minha primeira convocação [em 2006]", avalia.
Geraldo Bernardes, técnico de Rafaela Silva e treinador da seleção nas Olimpíadas de 1988 a 2000, lembra sem saudades do seu tempo.
"Além de treinar o masculino e o feminino, eu era preparador físico, psicólogo, babá... Hoje, a delegação tem até gente até para filmar lutas. Isso faz diferença, e os resultados aparecem."
A verba para as meninas também permite que elas viajem mais para competições e treinos internacionais, em que têm a oportunidade de estudar as adversárias.
"Antes, os homens treinavam na Europa, e a gente, na América do Sul. Agora, vamos para países fortes, como Japão e Rússia", diz Sarah.
A piauiense, no entanto, não abre mão de continuar morando em sua Teresina natal. Assim como Mayra não deixou Porto Alegre.
"O Brasil tem muitos praticantes de judô. Só falta a gente melhorar a detecção dos talentos nos clubes pelo país", diz Antônio Carlos Pereira, técnico de Mayra.
Para ele, os clubes também têm feito seu papel, melhorando sua capacidade de achar e de aprimorar talentos. De fato, se antes os judocas se concentravam no eixo Rio-SP, hoje as meninas da seleção vêm de seis times de cinco Estados diferentes.
Todas secas por um pódio em Londres.


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