São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Por um voto consciente

PALESTRA ALERTA FUTUROS ELEITORES SOBRE FÚTEIS E "FICHAS-SUJAS"

RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO

"Como é que uma pessoa que já foi para a cadeia e fez de tudo pode se candidatar?" quer saber, indignada, a estudante Alyne Ferreira, 14.
A pergunta dispara o burburinho no auditório do colégio Rio Branco, em São Paulo. Ouve-se de várias bocas o nome do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP).
O juiz eleitoral Aloisio Sérgio Rezende Silveira fica satisfeito com a pergunta. Ele está no colégio dando palestra para 200 futuros eleitores sobre o voto consciente.
Para votar, é preciso ter pelo menos 16 anos. Aos 18, o voto se torna obrigatório.
A colega Sophia de Souza, 14, puxa o microfone e emenda: "Se, para ser eleita, a pessoa tem que ser séria e tal, por que tem tanta gente fazendo palhaçada na TV?".
Agora o nome que vai de boca em boca é o de Tiririca (PR-SP), o palhaço que é candidato a deputado federal.
As perguntas dão a deixa para o juiz. "Imaginem que vocês vão escolher o representante de classe", compara. "Não vão escolher qualquer um, o engraçadinho da turma, o mau exemplo... Ou será que vão?"
Um aluno insiste: "Por que um político com passado... assim... meio negro é candidato a deputado? A Lei da Ficha Limpa não funciona?".
Essa lei não permite que político condenado pela Justiça concorra nas eleições.
Sem citar o nome de Maluf, o juiz explica que ele teve o registro barrado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), mas conseguiu "sair candidato" após apresentar um recurso, ainda não julgado.
Maluf foi considerado "ficha-suja" porque foi condenado num caso de compra de frangos superfaturados pela Prefeitura de São Paulo em 1996. O político nega.
"Se for eleito, ele será julgado e existe a possibilidade de seus votos serem anulados", afirma o juiz.
Um "aaah" de dúvida finalmente esclarecida ecoa pelo auditório do colégio.
Acaba a palestra, e o juiz convida os estudantes para experimentar a urna eletrônica que ele trouxe do TRE. Alguém grita fazendo troça: "2222!" -número de Tiririca.
O Folhateen se aproxima de Alyne, a aluna que fez a pergunta sobre o candidato ficha-suja que "já foi para a cadeia e fez de tudo".
"Era da Dilma [Rousseff] que eu falava", esclarece, apesar de a candidata a presidente pelo PT ter ficha limpa. "Ela é ficha-suja porque foi presa na época da ditadura... Não é?", confunde-se.


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