|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
movimento
Baladinha hip hop
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde a sua inauguração, em 2004, a
Galeria Olido -que
fica na av. São João,
473, no Centro-
tornou-se ponto de encontro
da galera engajada ou simpatizante do hip hop, que vem de
todas as regiões da cidade para
curtir as apresentações nas
noites de quinta-feira.
Das 19h às 22h, jovens assistem às apresentações gratuitas
de grupos de rap iniciantes. "É
um público cativo. Muitos
saem do trabalho e vêm assistir
aos shows antes da primeira
aula da faculdade", afirma Marcelo Silva, conhecido como
Max B.O., funcionário da galeria e ele próprio um MC de destaque na modalidade freestyle,
que exige a capacidade de improvisar rimas.
Por causa do teor politizado
das letras, os encontros vão
além da diversão. São também
momentos de intercâmbio cultural. Entre os DJs e os MCs é
rotina, por exemplo, a troca de
CDs, com músicas garimpadas
em discos, em lojas especializadas ou pesquisadas na internet.
"Desde os meus 15 anos, época
da fita cassete, eu pesquiso rap
underground dos Estados Unidos e de outros países, além de
r&b, jazz, funk e samba, e faço
conexão com pelo menos uns
20 camaradas do hip hop", conta Evandro Pereira, o MC Nego
Vando, 29, de Pirituba.
Um desses camaradas é Valter Marcelino, o MC Romer Attack, 25, do Itaim Paulista, que
já gravou um CD independente. "Quando não estou trabalhando, aproveito para ouvir
músicas novas", conta.
Os primeiros versos podem
surgir durante as aulas. "Meu
primeiro rap eu escrevi para
apresentar um seminário de literatura portuguesa", conta
Valter de Souza Júnior, 25, o
MC Phantom, do Jaraguá.
Ele, que já era bom aluno e
gostava de usar metáforas, tirou nota dez nas provas e não
parou mais de rimar. Mais tarde, conheceu Erasmo Magalhães, o MC Indião, 21, morador de Pirituba, que aos 13 anos
também já rimava por diversão.
"Vi as letras compromissadas
do Phantom e gostei. Aí misturei o que eu já fazia com assuntos sérios." Juntos, os dois MCs
formam o Andrômeda, grupo
que gravou seu primeiro CD independente no ano passado.
As baladas servem também
como oportunidade de distribuição dessas produções independentes. É uma via alternativa para disseminar o trabalho
de quem está começando. Os
discos são vendidos a R$ 3 ou
até mesmo dados.
DJs, por exemplo, têm preferência, pois, se gostarem do
som, podem executá-lo nas pistas e passar a outros DJs.
Foi com essa distribuição
que o CD do Andrômeda, "Boca
do Lixo", chegou às mãos de KL
Jay, DJ do Racionais, e teve algumas faixas executadas na rádio FM 105, dedicada ao rap. O
disco também rendeu convites
para o grupo integrar duas coletâneas.
(DENISE BRITO)
Texto Anterior: 02 Neurônio: Confissões nerds Próximo Texto: Estilo chega à universidade Índice
|