São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011 |
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INTERNETS RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com Nova cena musical reescreve o passado UMA DAS polêmicas do momento é a revisão de obras antigas para torná-las politicamente corretas. Por exemplo, no novo "Sítio do Picapau Amarelo", feito pela Globo, vão desaparecer o pó de pirlimpimpim (para não ser confundido com outros pós) e referências à escravidão com relação à Tia Nastácia. Nos EUA, a obra de Mark Twain está sendo "corrigida", retirando o termo "nigger", visto como ofensivo. O que na literatura é uma prática questionável, na música virou inspiração. Uma cena nova de bandas tem feito coisas incríveis a partir da ideia de reinventar o passado, sem compromissos com a história de verdade. Um deles é veterano desta coluna, Ariel Pink, que reinventou o rock como se o mundo tivesse pulado diretamente de 1982 para 2010 (bit.ly/hEcwic). Outro passadista é o californiano Dam-Funk, que fez um dos discos mais legais de 2010, chamado "Adolescent Funk". Ele jura que o disco foi gravado em "fitas cassete entre 1988 e 1992". Puro caô. Mesmo que o material seja antigo, a produção é do presente e olha para o funk de um jeito torto, como se Michael Jackson tivesse gravado tudo do seu quarto (bit.ly/au7oUD). Entrando em uma seara sombria, a dupla Hype Williams (três álbuns lançados nos últimos seis meses!) costura um vodu sonoro que olha para a história do R&B, do hip-hop e do EBM. Destaque para o perturbador uso do autotune (aquele efeito que desafina a voz) em um choro de nenê (bit.ly/drPjmn) e em gente tossindo. É o meu favorito. Por último, vale conferir o Rangers, banda de Joe Knight que mistura trilhas de TV dos anos 80 com instrumentos com som de fita velha. Soa como passear em círculos em um condomínio fechado depois de beber um vidro de xarope (bit.ly/aREy90). Lembra as imagens desconexas que vêm à cabeça antes de dormir. São bandas que olham o passado, mas definem o presente. Já era Sites de crowdfunding (financiamento colaborativo) só fora do Brasil Já é Queremos.com.br: financiamento colaborativo para trazer bandas gringas ao país Já vem Movere.me e Catarse.me, financionamento colaborativo para tudo Texto Anterior: Fale com a gente Próximo Texto: Na estrada - Mayra Dias Gomes: Nova cena musical reescreve o passado Índice | Comunicar Erros |
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