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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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ESTANTE

Pelo direito de não fazer nada

LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Há um livro interessantíssimo nas prateleiras: "O Direito à Preguiça", um manifesto contra o trabalho e a submissão dos proletários. O autor, Paul Lafargue, viveu entre 1842 e 1911. Filho de caribenhos, Lafargue casou-se com a filha de Karl Marx (1818-1883), o radical pensador de esquerda, autor do "Manifesto Comunista", de 1848.
O sogro devia achar estranhas as suas idéias porque, para Marx, o valor do trabalho era inquestionável. Nessa bem-humorada conclamação à preguiça, Lafargue demonstra que trabalhar é perda de tempo e jamais um caminho para a vida feliz. Isso num texto com ótimas descrições do cotidiano dos operários de 1880, época de substituição do trabalho humano pelo das máquinas.
A rigor, suas idéias são uma espécie de utopia. A leitura vale a pena por nos fazer olhar criticamente para o mundo, regido pelos valores do trabalho e do consumo. Importante dizer que, para o autor, não há nenhuma equivalência entre preguiça e consumo. Ele achava que a gente deveria não fazer nada mesmo ou então curtir as boas coisas do prazer físico e espiritual. Grande Lafargue!


@ - fischerl@uol.com.br

O Direito à Preguiça
Autor: Paul Lafargue
Editora: Claridade
Contato: 0/xx/11/ 5571-5637
Quanto: R$ 18



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