São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2001

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MÚSICA

Planet Hemp libera a fumaça

Novo CD da banda, gravado ao vivo, deve sair em julho

AUGUSTO PINHEIRO DA REPORTAGEM LOCAL

O s gorros com as cores da bandeira da Jamaica, as folhas de cânhamo estampadas nas camisetas e o cheirão de maconha no ar não deixavam dúvidas: o Planet Hemp estava na área. Foi na quarta-feira passada, no DirecTV Music Hall, em São Paulo, o show do grupo carioca que vai virar o CD "Planet Hemp - MTV ao Vivo", com lançamento previsto para julho. No repertório, sucessos dos três CDs da banda ("Usuário", "Os Cães Ladram, Mas a Caravana Não Pára" e "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça").
No palco, a formação original da banda: Marcelo D2 e B Negão nos vocais, Formigão no baixo e Rafael Crespo na guitarra. A única exceção era o baterista Pedrinho, no lugar de Bacalhau. Com uma volta à proposta de fazer rap sobre uma base rock, sem DJ, o grupo detonou 23 músicas em quase duas horas, levando a "família Hemp" a pogar enlouquecidamente.
No palco, placas com a inscrição "Perigo: afaste-se" ironizavam a pecha de inimigos da ordem pública que recai sobre o grupo, e sinais de "é proibido fumar" faziam alusão ao uso da maconha -principal tema da banda. Dois telões passavam imagens viajantes e mensagens políticas, que deram a tônica do espetáculo. Antes de "Futuro do País", em um dos pontos altos do show, foram exibidas imagens de violência policial contra os sem-terra. "Vai, Rambo", ironizava D2, enquanto o telão mostrava um "gambé" espancando um agricultor. O discurso em defesa do MST agradou ao público, que gritou palavrões contra a polícia.
E, apesar da revista rigorosa na entrada e da repressão por parte dos seguranças, o público acendeu os baseados. Antes da canção "Quem Tem Seda?", do último CD, o público jogou para o alto e para o palco os "papelitos" usdos para enrolar o "cigarro". "Peraí, já rolou uma seda. Quem tem o bagulho?", perguntou D2 antes de escutar uma gritaria ensurdecedora. O clima de liberdade incentivado pela banda instigou o público a exibir os baseados e a gritar "maconha".
Mas nem só da erva vive o discurso do Planet Hemp, que detonou o governo de Fernando Henrique Cardoso e a atual fase do Congresso Nacional. Pedidos de paz, dedicados a Marcelo Yuka, integrante do Rappa que foi baleado em um assalto, foram repetidos durante todo o show. E rolou também uma homenagem a Chico Science, com um cover da música "Samba Makossa", a última da apresentação. No meio de uma roda, na pista, garotos ensaiaram passos de capoeira.
"Se o disco vai ficar bom, eu não sei, mas que vai ficar barulhento, vai", disparou D2.


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