São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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Mulheres tristes

PJ Harvey

DA REPORTAGEM LOCAL

É difícil sair ileso depois de escutar "Uh Huh Her", novo disco da cantora inglesa PJ Harvey. A guitarra suja, o vocal lamurioso e sensual e as letras deprês levam a um estado de profunda melancolia. O que nem sempre pode ser encarado como uma coisa ruim. Ficar triste faz parte da vida. E a música dessa devastadora morena, de boca grande e carnuda, olhos profundos e sobrancelhas grossas é a trilha ideal para sofrer com classe.
Riff de blues feito por uma guitarra sórdida, em "The Life and Death of Mr. Badmouth", abre o CD, enquanto PJ decreta: "Tudo está envenenado".
O mergulho nas profundezas continua, na seqüência, com "Shame".
Numa levada grunge, PJ desafina -de propósito- para cantar "Who the Fuck?". Curta e grossa. A percussão que remete à música árabe, lenta, dá continuidade à angústia em "Pocket Knife". Ela canta: "Não estou tentando partir seu coração". Tarde demais, PJ.
Em vocal que lembra a fase áurea de Siouxsie and the Banshees vem "The Letter", seguida da estonteante "The Slow Drug", cuja base é apenas um ruído eletrônico hipnótico.
O astral levanta, mas não muito, na quase gospel "No Child of Mine". Já as guitarras distorcidas e um vocal que vem lá do fundo fazem de "Cat on the Wall" a maior podreira do álbum.
Climas sombrios continuam pelas faixas seguintes. O fim está próximo, mas, antes, PJ canta o paradoxo do sofrimento de amar em "The Desperate Kingdom of Love". Gaivotas anunciam a derradeira "The Darker Days of Me & Him". Tristeza assim é sempre bem-vinda. (LEANDRO FORTINO)


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