|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulheres tristes
PJ Harvey
DA REPORTAGEM LOCAL
É difícil sair ileso depois de escutar
"Uh Huh Her", novo disco da cantora inglesa PJ Harvey. A
guitarra suja, o vocal lamurioso e sensual e
as letras deprês levam a um estado de profunda melancolia. O que nem sempre pode
ser encarado como uma coisa ruim. Ficar
triste faz parte da vida. E a música dessa devastadora morena, de boca grande e carnuda, olhos profundos e sobrancelhas grossas
é a trilha ideal para sofrer com classe.
Riff de blues feito por uma guitarra sórdida, em "The Life and Death of Mr. Badmouth", abre o CD, enquanto PJ decreta:
"Tudo está envenenado".
O mergulho nas profundezas continua,
na seqüência, com "Shame".
Numa levada grunge, PJ desafina -de
propósito- para cantar "Who the Fuck?".
Curta e grossa. A percussão que remete à
música árabe, lenta, dá continuidade à angústia em "Pocket Knife". Ela canta: "Não
estou tentando partir seu coração". Tarde
demais, PJ.
Em vocal que lembra a fase áurea de
Siouxsie and the Banshees vem "The Letter", seguida da estonteante "The Slow
Drug", cuja base é apenas um ruído eletrônico hipnótico.
O astral levanta, mas não muito, na quase
gospel "No Child of Mine". Já as guitarras
distorcidas e um vocal que vem lá do fundo
fazem de "Cat on the Wall" a maior podreira do álbum.
Climas sombrios continuam pelas faixas
seguintes. O fim está próximo, mas, antes,
PJ canta o paradoxo do sofrimento de amar
em "The Desperate Kingdom of Love".
Gaivotas anunciam a derradeira "The Darker Days of Me & Him". Tristeza assim é
sempre bem-vinda.
(LEANDRO FORTINO)
Avaliação:
Texto Anterior: Mulheres tristes: Melissa Próximo Texto: + cadeados + vigilância Índice
|