São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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música

Festa cigana

Cantor doGogol Bordello fala do novo álbum e da paixão pelo Brasil

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No último Coachella, o descolado festival californiano, só deu Gogol Bordello. Muita gente desistiu de ver a apresentação de Björk para se juntar à massa que delirava ao som da banda punk cigana de Nova York.
Liderado pelo ucraniano Eugene Hütz, o grupo tem ainda como integrantes os russos Yury Lemeshev (acordeão) e Sergey Ryabtsev (violino), o israelense Oren Kaplan (guitarra), o etíope Thomas Gobena (baixo), o norte-americano Eliot Ferguson (bateria), a tailandesa-americana Pamela Racine e a sino-escocesa Elizabeth Sun (percussão e dança).
O caldeirão cultural se reflete no som da banda também, que mescla música cigana com punk rock, dub, metal, reggae e até tarantela, como é caso do álbum mais recente, "Super Taranta", seu quinto lançamento. Confirmados para tocar no Tim Festival deste ano, eles prometem fazer barulho. Confira entrevista com o vocalista.

 

FOLHA - Você está morando no Brasil agora?
Eugene Hütz
- Sim, estou no Rio, em Ipanema. Mas vou me mudar para Copacabana. Eu não sabia que Ipanema era tão chique -esse definitivamente não é o meu tipo de lugar.

FOLHA - Por que você decidiu vir para cá?
Hütz
- Minha namorada é antropóloga e estuda a cultura brasileira. Mas muitas coisas aqui me interessam. A principal é o respeito do país pelas práticas xamânicas e espirituais. A cultura ocidental racional me entedia. Também adoro essa conexão que existe entre o Brasil e a África e o fato de que a música é uma parte essencial da vida das pessoas aqui, não é um hobby ou um luxo.

FOLHA - Em "Super Taranta" vocês fazem uma referência musical à tarantela italiana. Por quê?
Hütz
- O Gogol sempre vai ter suas raízes na música cigana do leste europeu, mas é fundamental para nós ir além e mergulhar profundamente em outras culturas. A tarantela é um fenômeno musical incrível, que é subestimado. Sua batida insana e a energia sexual e mística que emanam dela me obcecam.

FOLHA - Onde você acha que estão acontecendo coisas interessantes no universo da música hoje?
Hütz
- Basicamente por toda parte, exceto no mundo anglo-saxão. Estou de saco cheio de músicas em inglês. Eles já criaram coisas incríveis, mas agora ouvi-los é como fazer sexo com alguém da sua própria família. Para mim, quanto mais mistura, melhor.

FOLHA - Você está discotecando na noite da Lapa. O que você toca?
Hütz
- Estamos fazendo umas festas muito loucas. Minha última grande descoberta foi o frevo. Quando fui à Pernambuco, no carnaval, amigos brasileiros me disseram que só tem uma coisa mais louca que Gogol Bordello: são as orquestras de frevo. Eles estavam certos!
Mas isso me deu inspiração para criações ainda mais loucas...

SUPER TARANTA
Gogol Bordello
www.gogolbordello.com
Ouça: American Wedding


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