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Carreira
Não falta trabalho ao médico hiperdedicado
Carreira mais concorrida na Fuvest, medicina tem carga horária bem puxada de atendimento do Hospital das Clínicas, em São Paulo
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Já reparou que em conversas sobre medicina
é muito comum ouvir
a palavra "dedicação"?
Pudera. Da carga horária exigida pela faculdade até
o envolvimento com problemas pessoais dos pacientes, tudo em medicina exige empenho. A começar pelo vestibular,
que é o mais concorrido e tem a
nota de corte mais alta da Fuvest: 73 pontos em 2006.
Uma vez dentro do curso, o
aluno deve se preparar para
uma imersão, com grade curricular de período integral bastante equilibrada entre prática
e teoria. Leituras de livros técnicos podem ocupar tardes,
noites e até madrugadas. "A
medicina é muito envolvente e
acaba invadindo a vida pessoal
de quem a exerce. A começar
pelo fato de os hospitais funcionarem 24 horas por dia. Muitas
vezes, ainda há envolvimento
emocional com os pacientes",
diz Nildo Batista, coordenador
pedagógico da Unifesp.
Apesar do crescimento do
número de médicos que entram anualmente no mercado
-o Conselho Regional de Medicina de São Paulo contava
2.000 novos médicos por ano
até 1999 e, nos últimos três
anos, passou a contar 3.000- o
mercado de trabalho ainda é receptivo. "Quem se forma tem
emprego", diz Batista.
Mas algumas especialidades
sinalizam saturação, pelo menos na cidade de São Paulo. Segundo o professor, cardiologia
é uma delas. "O que São Paulo
mais precisa, hoje, é de bons clínicos gerais", afirma. Já em regiões mais distantes da capital,
cidades do Nordeste e do Norte, há falta de médicos em qualquer especialidade.
Radiologia, diagnóstico por
imagem -duas técnicas usadas
no tratamento de câncer- e
outros braços tecnológicos da
medicina são áreas em expansão, segundo o professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP Samir Rasslan, que
também leciona na Santa Casa.
Na área de pesquisa, terapia
gênica [que busca soluções para doença congênita ou hereditária por meio de estudos dos
genes] é uma atividade em desenvolvimento, e deve requerer
mais profissionais no futuro.
As ramificações são tão numerosas que o perfil de quem
vai exercer medicina é bastante
amplo. Para os menos afeitos
ao exercício de atividades sanguinolentas, há opções como
pediatria, endocrinologia e dermatologia, em que a probabilidade de se deparar com um paciente terminal é pequena.
Mas tem também o lado
"hardcore", bem ao estilo do seriado "Plantão Médico", para
quem vai fazer clínica geral e
cardiologia, entre outras ramificações. Haja fôlego para enfrentar um pronto-socorro.
É preciso considerar também que as técnicas aprendidas
na faculdade podem caducar,
com o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia. "A evolução da medicina é fantástica.
É praticamente impossível
acompanhar o número de publicações da área. O médico se
desatualiza rapidamente se não
tiver boas fontes de informação", diz Rasslan.
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