São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Carreira

Não falta trabalho ao médico hiperdedicado

Carreira mais concorrida na Fuvest, medicina tem carga horária bem puxada de atendimento do Hospital das Clínicas, em São Paulo

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Já reparou que em conversas sobre medicina é muito comum ouvir a palavra "dedicação"? Pudera. Da carga horária exigida pela faculdade até o envolvimento com problemas pessoais dos pacientes, tudo em medicina exige empenho. A começar pelo vestibular, que é o mais concorrido e tem a nota de corte mais alta da Fuvest: 73 pontos em 2006.
Uma vez dentro do curso, o aluno deve se preparar para uma imersão, com grade curricular de período integral bastante equilibrada entre prática e teoria. Leituras de livros técnicos podem ocupar tardes, noites e até madrugadas. "A medicina é muito envolvente e acaba invadindo a vida pessoal de quem a exerce. A começar pelo fato de os hospitais funcionarem 24 horas por dia. Muitas vezes, ainda há envolvimento emocional com os pacientes", diz Nildo Batista, coordenador pedagógico da Unifesp.
Apesar do crescimento do número de médicos que entram anualmente no mercado -o Conselho Regional de Medicina de São Paulo contava 2.000 novos médicos por ano até 1999 e, nos últimos três anos, passou a contar 3.000- o mercado de trabalho ainda é receptivo. "Quem se forma tem emprego", diz Batista.
Mas algumas especialidades sinalizam saturação, pelo menos na cidade de São Paulo. Segundo o professor, cardiologia é uma delas. "O que São Paulo mais precisa, hoje, é de bons clínicos gerais", afirma. Já em regiões mais distantes da capital, cidades do Nordeste e do Norte, há falta de médicos em qualquer especialidade.
Radiologia, diagnóstico por imagem -duas técnicas usadas no tratamento de câncer- e outros braços tecnológicos da medicina são áreas em expansão, segundo o professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP Samir Rasslan, que também leciona na Santa Casa.
Na área de pesquisa, terapia gênica [que busca soluções para doença congênita ou hereditária por meio de estudos dos genes] é uma atividade em desenvolvimento, e deve requerer mais profissionais no futuro.
As ramificações são tão numerosas que o perfil de quem vai exercer medicina é bastante amplo. Para os menos afeitos ao exercício de atividades sanguinolentas, há opções como pediatria, endocrinologia e dermatologia, em que a probabilidade de se deparar com um paciente terminal é pequena.
Mas tem também o lado "hardcore", bem ao estilo do seriado "Plantão Médico", para quem vai fazer clínica geral e cardiologia, entre outras ramificações. Haja fôlego para enfrentar um pronto-socorro.
É preciso considerar também que as técnicas aprendidas na faculdade podem caducar, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. "A evolução da medicina é fantástica. É praticamente impossível acompanhar o número de publicações da área. O médico se desatualiza rapidamente se não tiver boas fontes de informação", diz Rasslan.


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