São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Keith Richards é rock and roll de verdade

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Os Rolling Stones são ultrapassados, já deveriam ter acabado há muito tempo, mas uma coisa não se pode negar: ninguém nesse mundo é mais rock and roll que Keith Richards, o tiozinho guitarrista do grupo.
A revista "Rolling Stone" (nada a ver com a banda, só o nome é parecido) traz, em uma edição recente, uma apetitosa entrevista com a figura. Veja alguns trechos, só para você sentir o drama (e sentir inveja, também).
"Não tenho rotina fixa em casa. Leio muito. Quando o tempo está bom, velejo um pouco. Faço umas gravações no estúdio no porão. Passeio pela casa. Espero as empregadas arrumarem a cozinha, aí vou lá, frito umas coisas e bagunço tudo de novo."
"Não fico me gabando. Nunca fiquei mais tempo sem dormir do que os outros só para anunciar que eu era o mais durão. É só meu jeito de ser. Só digo uma coisa: "Você precisa se conhecer"."
"Não existe nenhum sucesso dos Stones que eu esteja cansado de tocar (...). Os Stones sempre acreditaram no presente. Mas tocar "Jumpin" Jack Flash", "Brown Sugar" e "Start me Up" é sempre divertido. Você precisa ser um chato de galochas, cara, para não ir lá e tocar "Jumpin" Jack Flash" e não pensar: "Aí, rapaziada, vamos lá!". É como montar um cavalo xucro."
"Desde que saí da escola, nunca mais disse "sim, senhor" para ninguém."
A entrevista toda é muito engraçada. Destaquei, resumidamente, uma parte muito pequena. Claro que, quando se trata de uma celebridade, existe a chance de Richards ter mentido o tempo inteiro. Mas prefiro acreditar nele. De certa maneira, é um jeito de acreditar no rock and roll...
Por falar na "Rolling Stone" (que custa inacreditáveis R$ 22!), vale registrar que a revista melhorou muito nos últimos tempos.
A "RS" está sob nova direção. Ed Needham, que chefiava a "FHM", foi chamado para dar uma cara mais jovem e objetiva à "RS". Pelo jeito, está dando certo. Há uma série de novas seções com pequenas notas e dicas de tecnologia, sempre em uma linguagem coloquial e engraçada.
É uma revista feita para pessoas normais, que têm vida (namorada/mulher/marido/ emprego/filhos) e que, eventualmente, se interessam pelo que sai na "Rolling Stone".
Essa linha de "revistas feitas para pessoas de verdade" surgiu há quase dez anos, na Inglaterra, com a "Loaded". Rapidamente, surgiram imitações que acabaram dando mais certo do que a original, como a "Maxim", a "FHM" e a "Stuff".
Aqui no Brasil, no entanto, parece que as coisas caminham em sentido contrário. Sai uma revista nova, estréia um programa, um filme, você vê aquilo e pensa: "Meu Deus, com quem esses caras acham que estão falando?".



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