São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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SAÚDE

Sorriso cercado

Desconforto, dores e brigas com o espelho para ter um sorriso de comercial de creme dental; veja como é a vida dos jovens que usam aparelho

HELOISA NEGRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de apelidos crescia conforme o expansor no céu da boca de Cora Valentini, 17, fazia efeito.
Apesar dos dentes retos, Cora precisava expandir a arcada para corrigir a mordida. "O expansor separou meus dentes da frente para depois juntar."
Apelidos como Bob Esponja e Ronaldinho não foram por menos. Ela conta que, durante o tratamento, dava para colocar o dedo mindinho no vão entre os dentes da frente.
Cora também passou pelo aparelho externo e preferiu atrasar o tratamento a ir ao colégio usando o acessório.
"Eu me sentia o próprio Etevaldo [personagem extraterrestre do programa "Castelo Rá-Tim-Bum']", diz a garota.
Apesar dos apelidos, o tratamento evitou que Cora ficasse com o maxilar inferior mais para frente do que o superior.
Além da parte estética, ela poderia ter tido problemas com a mastigação dos alimentos e até mesmo dores de cabeça constantes. Hoje, está com os dentes e a mordida corrigidos.

Sorriso oculto
Nem todo o mundo que usa aparelho passa por experiências traumáticas. Ainda assim, são raros os que gostam de ver o sorriso metálico no espelho.
Achar feio e sentir dores depois das idas ao dentista fazem parte da vida dos "aparelhados". A esperança do sorriso retinho é que mantém os braquetes na boca da garotada.
Rebeca Mastroiene, 16, tinha colocado o aparelho fixo havia dois dias quando conversou com o Folhateen, e não estava contente com seu novo visual.
"Parece que o aparelho não cabe direito, eu acabo ficando com a boca meio aberta."
Para Rebeca, o consolo está em ir para a faculdade com os dentes retos. "Aparelho combina mais com a adolescência."
Thiago Amorim, 17, também não gosta dos ferrinhos. Desde que colocou aparelho, há um ano, prefere sair com a boca fechada nas fotos. Para ele, a parte estética incomoda mais dos que os ajustes do dentista.
Mas os tempos de lábios cerrados estão contados. "Só vou ficar mais dois meses [com o aparelho]!", comemora.
Quem também conta os dias para o fim do tratamento (em agosto) é Vivian Zaccarelli Costa, 14. Ela diz que já dá para perceber o efeito do uso. "Meu sorriso melhorou muito em relação ao que era antes."
Mas isso não a impede de achar o aparelho feio, nem de se envergonhar com a comida que gruda nos dentes durante as refeições.
Por isso, evita as lanchonetes. Se não dá para recusar o convite, a conversa pós-comida é mínima, pelo menos até ela correr para escovar os dentes.
Thiago anda com um estojinho que tem escova, pasta, fio dental, passa-fio (uma agulha de plástico, que ajuda a passar o fio dental) e escova interdentária (como aquelas de lavar mamadeira, só que pequena).
Nenhum dos entrevistados disse que o aparelho atrapalha o beijo ou a paquera.
"Não se usa os dentes para beijar", afirma Cora. Outro argumento é o de que, como "todo mundo usa", os braquetes não afastam pretendentes.


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