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SAÚDE
Sorriso cercado
Desconforto, dores e brigas com o espelho para ter um sorriso de comercial de creme dental; veja como é a vida dos jovens que usam aparelho
HELOISA NEGRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O número de apelidos
crescia conforme o expansor no céu da boca de
Cora Valentini, 17, fazia efeito.
Apesar dos dentes retos, Cora precisava expandir a arcada
para corrigir a mordida. "O expansor separou meus dentes da
frente para depois juntar."
Apelidos como Bob Esponja
e Ronaldinho não foram por
menos. Ela conta que, durante
o tratamento, dava para colocar
o dedo mindinho no vão entre
os dentes da frente.
Cora também passou pelo
aparelho externo e preferiu
atrasar o tratamento a ir ao colégio usando o acessório.
"Eu me sentia o próprio Etevaldo [personagem extraterrestre do programa "Castelo
Rá-Tim-Bum']", diz a garota.
Apesar dos apelidos, o tratamento evitou que Cora ficasse
com o maxilar inferior mais para frente do que o superior.
Além da parte estética, ela
poderia ter tido problemas com
a mastigação dos alimentos e
até mesmo dores de cabeça
constantes. Hoje, está com os
dentes e a mordida corrigidos.
Sorriso oculto
Nem todo o mundo que usa
aparelho passa por experiências traumáticas. Ainda assim,
são raros os que gostam de ver o
sorriso metálico no espelho.
Achar feio e sentir dores depois das idas ao dentista fazem
parte da vida dos "aparelhados". A esperança do sorriso retinho é que mantém os braquetes na boca da garotada.
Rebeca Mastroiene, 16, tinha
colocado o aparelho fixo havia
dois dias quando conversou
com o Folhateen, e não estava
contente com seu novo visual.
"Parece que o aparelho não
cabe direito, eu acabo ficando
com a boca meio aberta."
Para Rebeca, o consolo está
em ir para a faculdade com os
dentes retos. "Aparelho combina mais com a adolescência."
Thiago Amorim, 17, também
não gosta dos ferrinhos. Desde
que colocou aparelho, há um
ano, prefere sair com a boca fechada nas fotos. Para ele, a parte estética incomoda mais dos
que os ajustes do dentista.
Mas os tempos de lábios cerrados estão contados. "Só vou
ficar mais dois meses [com o
aparelho]!", comemora.
Quem também conta os dias
para o fim do tratamento (em
agosto) é Vivian Zaccarelli Costa, 14. Ela diz que já dá para
perceber o efeito do uso. "Meu
sorriso melhorou muito em relação ao que era antes."
Mas isso não a impede de
achar o aparelho feio, nem de
se envergonhar com a comida
que gruda nos dentes durante
as refeições.
Por isso, evita as lanchonetes. Se não dá para recusar o
convite, a conversa pós-comida
é mínima, pelo menos até ela
correr para escovar os dentes.
Thiago anda com um estojinho que tem escova, pasta, fio
dental, passa-fio (uma agulha
de plástico, que ajuda a passar
o fio dental) e escova interdentária (como aquelas de lavar
mamadeira, só que pequena).
Nenhum dos entrevistados
disse que o aparelho atrapalha
o beijo ou a paquera.
"Não se usa os dentes para
beijar", afirma Cora. Outro argumento é o de que, como "todo mundo usa", os braquetes
não afastam pretendentes.
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