|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Festival internacional de documentários É Tudo Verdade estréia em São Paulo e no Rio
Investigação da realidade seduz cineastas
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
Os segredos de Hergé, criador
do personagem de quadrinhos
Tintin; a história do Weathermen, ativistas norte-americanos
radicais que atuavam nos anos
60; a vida de garotos de programa
e viciados em Tel Aviv (Israel); o
jogo antológico do gênio do xadrez Garry Kasparov contra o
computador Deep Blue; a vida de
um cineasta reconstruída por
meio dos relatos de suas ex-namoradas; os "causos" reais de
Manuelzão, um dos mais célebres
personagens da obra do escritor
Guimarães Rosa (1908-1967).
Essas histórias, aparentemente
desconexas, têm em comum o fato de terem seduzido cineastas a
investigá-las e transformá-las em
curtas, médias ou longas-metragens. Os filmes que buscam traduzir essas realidades em imagens podem ser vistos na nona
edição do festival internacional
de documentários É Tudo Verdade, que acontece de 25/3 a 4/4, no
Rio, de 26/3 a 4/4, em São Paulo, e
de 6/4 a 11/4, em Brasília. Os horários e a programação completa
estão em www.etudoverdade.com.br.
Neste ano, serão apresentados
75 filmes, de 16 países diferentes.
Como mergulhar nesse mar de
documentários é uma tarefa difícil, o Folhateen destacou algumas histórias (veja quadro ao lado) que cobrem interesses jovens
como música, esporte, contracultura, literatura, quadrinhos, e,
claro, cinema.
Uma novidade é o foco latino-americano, que traz seis filmes
produzidos pelos nossos "hermanos". Mas, entre os especiais,
merecem atenção duas retrospectivas importantes.
A primeira é a do cineasta francês Jean Rouch, um dos pais do
chamado "cinéma vérité" (cinema verdade, em francês), que
apresenta filmes de 1959 a 1970.
A outra é uma mostra de filmes
que falam sobre a música brasileira, enfocando artistas que vão
dos populares Maria Bethânia,
Paulinho da Viola e Tim Maia até
o erudito Nelson Freire.
Dos filmes brasileiros, chamam
a atenção o lírico "Livro para Manuelzão", de Angelica del Nery,
que mostra o personagem retratado por Guimarães Rosa aos 91
anos e explora a riqueza poética
de sua fala e de seus "causos", e
"Morte Densa", de Jurandir Müller e Kiko Goifman. O documentário, que usa como trilha sonora
o sensacional disco "Murder Ballads", de Nick Cave & the Bad
Seeds, entrevista pessoas que mataram apenas uma vez na vida,
quase sempre por motivos passionais. Só um dos entrevistados
matou mais de uma pessoa.
Outros dois filmes interessantes são"Lambe Sujo", de Gabriela
Greeb, Paulo Dias e Marianna
Monteiro, que mostra a dramatização popular do embate entre
quilombolas e índios na cidade
de Laranjeiras (SE), e o longa
"Preto e Branco", de Carlos Nader, que investiga as relações raciais na cidade de São Paulo.
Para quem curte esporte, há
"Tocando o Vazio", que mostra
dois alpinistas subindo a face oeste de Siula Grande, nos Andes peruanos, e "Fim de Jogo", que investiga a derrota do campeão de
xadrez Garry Kasparov para um
computador criado pela IBM.
Já os aficionados por quadrinhos e desenhos animados devem ver "Tintin e Eu" que revela
entrevista polêmica censurada
pelo criador do mais famoso repórter belga.
Texto Anterior: País ainda não tem legislação federal contra preconceito Próximo Texto: Sexo e saúde: Descoberta da homossexualidade gera dúvida Índice
|