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Velhos e bons poemas de amor
LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA
Não é o melhor poeta do mundo,
pouca gente o lê com o mesmo fervor de umas décadas atrás, mas, cá entre nós, é uma beleza ler "Vinte Poemas
de Amor e uma Canção Desesperada",
do chileno Pablo Neruda.
Neruda viveu quase 70 anos e entrou
para a história como uma grande voz
poética. Em parte, sua fama se deveu a
uns poemas engajados, de denúncia
das misérias humanas e de ataque ao
imperialismo, temas ambos hoje meio
ausentes da poesia. Foi do Partido Comunista naquela época em que todo
mundo era, porque parecia ser aquela
uma direção segura para chegar ao futuro, que atendia pelo nome de socialismo. Virou referência para pelo menos duas gerações de poetas.
Passou o tempo, e muitos daqueles
sonhos viraram pó. A voz de Neruda
também envelheceu um pouco, mas é
um gosto reencontrar esse livro, que ele
escreveu aos 20 anos, explodindo de
amor e das contradições que ele impõe.
A primeira linha do poema número
20 é famosa: "Posso escrever os versos
mais tristes esta noite". Atire a primeira
pedra quem, alguma vez na vida, não
pensou exatamente isso, especialmente
na hora do abandono e da solidão.
Vinte Poemas de Amor e
uma Canção Desesperada
Autor: Pablo Neruda
(tradução de Domingos
Carvalho da Silva)
Editora: José Olympio (tel.
0/xx/21/2585-2060)
Quanto: R$ 19
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