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GAME
Lei proíbe menores nas casas de jogos
LAN houses do Rio estão sob fogo cruzado
Divulgação
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Tela de "Counter Strike", jogo que já foi acusado de fazer apologia do crime |
BRUNO NATAL
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio de Janeiro, César
Maia, sancionou no último dia 8 a polêmica lei número 3.634, proposta pela
Comissão dos Direitos da Criança e do
Adolescente. O texto proíbe menores de
idade de frequentar as casas de jogos de
computador interligados em rede, conhecidas como LAN houses. A medida
visa dificultar o acesso dos menores de
idade a games que, supostamente, estimulam a violência.
As penas serão destinadas aos donos
das LAN houses ou fliperamas, e a fiscalização do cumprimento da lei caberá ao
Juizado da Infância e da Juventude. As
punições irão desde uma advertência administrativa, com multa, até a cassação
do alvará de funcionamento.
O pivô da questão é o jogo "Counter
Strike". Nele, há uma simulação de uma
luta entre policiais e bandidos no morro
Santa Marta, no Rio. Por permitir ao jogador escolher ser tanto o policial quanto o bandido, o jogo havia sido anteriormente acusado de apologia do crime.
Os jogadores se defendem e dizem que,
ao contrário do que tem sido noticiado, o
jogo não mostra traficantes, mas, sim,
terroristas que sequestraram um membro da ONU e se escondem no morro.
O proprietário de um desses estabelecimentos, que fica no bairro de Botafogo
(zona sul), discorda da decisão. Por medo de represálias, ele pediu que não fosse
revelada sua identidade, mas disse que,
desde que a lei foi sancionada, o movimento caiu cerca de 80%.
"Se for para cumprir essa lei, é melhor
fechar a loja. A maior parte dos clientes
das LAN houses são adolescentes e querem jogar justamente esses jogos. A decisão de proibir o acesso a qualquer coisa
deveria caber aos pais, não ao Estado."
É também o que pensa Maria Isabel da
Silva Leme, que pesquisa os supostos nexos entre a violência e os jogos eletrônicos no Instituto de Psicologia da USP.
"Os pais é que têm de atentar para o que
os filhos fazem. Não vai ser com uma
proibição que os jovens vão parar de jogar. Isso até os estimula", diz ela. "Sou
contra o jovem lidar com a violência de
alguns jogos, mas não é isso o que mostra se ele vai ser um cidadão melhor."
O prefeito César Maia acredita que
mais importante do que definir de quem
é a responsabilidade por esse tipo de
controle é o debate iniciado pela lei.
"Nenhuma dessas ações, isoladamente, vale nada. O importante é o conjunto
e a sinergia delas. A imprensa está cobrindo o fato, e milhares de pais estão
discutindo o problema e tomando suas
decisões", defende Maia. De acordo com
o prefeito, a classificação do nível de violência dos jogos será feita por educadores, de acordo com denúncias feitas pelas
famílias.
Para D.N., 14, jogos como o "Counter
Strike" não estimulam a violência. "Eu
gosto desse tipo de jogo pela ação, mas
também gosto de jogos que não são violentos. O pessoal fica nervoso, xinga, como em qualquer outro jogo, até jogando
futebol. Ninguém sai para a rua e quer fazer o mesmo que faz na tela." Segundo
ele, sua mãe deixa que ele participe desses jogos.
Rodrigo Almeida, 24, concorda que
talvez os jogos o influenciem negativamente. "Pode até ser. Mas, e as novelas,
cheias de brigas, de sexo e de tudo o
mais?", questiona. "Melhor estar aqui do
que na rua, exposto à violência real."
Acabou a brincadeira
Outra decisão legal, desta vez federal,
foi sobre os jogos de cartas "Yu-Gi-Oh" e
"Magic: the Gathering". O Ministério da
Justiça aceitou um pedido do MP (Ministério Público) para que haja classificação
de idade dos jogos, que serão recomendados só para maiores de 12 anos. O documento do MP que diz respeito a esse
problema argumenta que os jogos "trazem conflitos e tensões psicológicas".
Colaborou Ricardo Lisbôa, da Reportagem Local
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