DIEGO ASSIS

Se este texto fosse uma daquelas redações de 2ª série com o tema "Minhas férias", provavelmente iria começar assim: "Minhas férias foram muito legais. Eu não saí de São Paulo nas minhas férias. Mas eu conheci um garoto, que é o garoto mais inteligente da Terra. O nome dele é Jimmy Corrigan..." Então, passaria a falar da mãe de Jimmy, que ligava de cinco em cinco minutos para saber se estava tudo bem. Ou do pai dele, que resolveu dar as caras depois de anos, sem que Jimmy nunca soubesse que tinha um. E falaria da vez em que ele -só ele- viu o Superman saltar do alto de um prédio e se esborrachar no asfalto e esperar por horas até a chegada da ambulância. Mas, verdade seja dita, isto não é uma redação de 2ª série -é uma coluna sobre HQs-, Jimmy Corrigan não é um garoto -ele tem 35 anos-, e o sujeito mais inteligente do mundo não é ele, mas Chris Ware, autor de "Jimmy Corrigan, the Smartest Kid on Earth", isso, sim, a melhor coisa que me aconteceu nas últimas semanas.
Dica preciosíssima do Miranda, produtor musical e expert em quadrinhos alternativos, esse catatau de 380 páginas (capa dura, colorido, lindão!) insistia em não sair do topo da pilha de quadrinhos que eu estava tentando pôr em dia no último mês -e olha que outubro foi forte: "Freak Brothers", "Persépolis", "Natimorto", o romance novo do Mutarelli... Mas "Corrigan" foi imbatível. Ideal para ser degustado aos poucos, vasculhado como bula de remédio, virado de ponta-cabeça, lido de trás para a frente, ampliado, enquadrado, canonizado!
Em tempo: em 2000, quando a editora americana Pantheon colocou o livro no mercado (americano...), a revista "Enterntainment Weekly" cravou: "terceiro melhor livro do ano". Terceiro?! Fala sério: se me contarem quais foram o primeiro e o segundo vou correndo comprar e tiro férias de novo!

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