|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
02 NEURÔNIO
O surto natalino
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTAS DA FOLHA
No Natal, acontecem fenômenos bizarros. Como o próprio Folhateen mostrou na semana passada, o Natal faz com
que você tenha uma espécie de febre consumista. Até o Papai Noel (verdadeiro,
que mora na Groenlândia) está triste com
isso.
Mas, infelizmente, nós estamos com a tal
febre. E, no nosso caso, ela não é só consumista. É também existencial e sentimental.
Aí, agora pensamos que ficamos muito
em crise e isso nos deixou em crise.
Alguns pensamentos estúpidos (que nos
fazem sentir mal só por tê-los), que passam pelas nossas cabeças nesta véspera de
Natal:
OS CONSUMISTAS
Será que dei caixinha suficiente para o
porteiro?
E o pessoal do estacionamento também
merece caixinha?
Devo dar presentes para meus chefes ou
não?
Peru recheado com castanhas engorda?
Devo avisar às pessoas que vou dar presente (para ganhar) ou isso é falta de educação?
Devo chutar o balde e só presentear as
crianças? Mesmo que eu não tenha crianças na família?
Será que fiz bem em faltar à festa da firma
ou será que eu serei demitida no dia 2 de
janeiro por causa disso?
Se você está na escola, a mesma paranóia
deve ocupar a sua mente... Só que um pouco diferente. Será que vão parar de falar comigo só porque eu faltei à festa de amigo-secreto?
OS EXISTENCIAIS
Mais um fim de ano e pouca coisa mudou na minha vida. Será que vai ser sempre assim?
Eu continuo tendo vontade de brigar
com a minha família na hora da ceia natalina. Será que sempre vai ser assim?
Eu sinto angústia na hora dos presentes.
Sou idiota e penso que o Natal é uma data
fútil, apesar de eu também ser fútil (tanto
que gastei dinheiro comprando um monte
de presentes). Será que sempre vai ser assim?
E provavemente vai ser sempre assim,
sempre. Natal só era bom quando a gente
era criança.
Mas, quando esse pensamento tomar
conta da sua cabeça, faça algo! Ouça Peaches no discman. "Fuck the Pain Away".
Ligue para um pretê e fale mal do Natal.
Fuja para a casa dos seus amigos e ouça
punk rock. Até mesmo no Natal... Libere o
mosh!
PS. E desculpem... É difícil ser engraçada
no Natal depois que a gente é adulto. E não
é porque a gente é piadista que não tem o
direito de ficar melancólica...
Texto Anterior: + Saúde: Chinês cria alternativa para baladeiros que bebem Próximo Texto: Game On: Jogos de guerra sempre em alta Índice
|