São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Páginas do inferninho

Roteirista premiada de "Juno", Diablo Cody narra sua vida de stripper em livro que chega agora ao Brasil

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até os 24 anos, Brook Busey-Hunt era uma nerd roqueira razoavelmente bem-comportada.
Garota "de família", estudou em colégios católicos, formou-se em estudos de mídia e redação criativa na universidade em oito semestres e nunca roubou um batom em lojas chiques.
Foi apenas quando se mudou de Chicago para Minneapolis -no gélido Estado americano de Minnesota- para morar com o namorado que acabara de conhecer na internet que a compenetrada Brook se transformou na stripper Diablo Cody, que depois ficou conhecida como a blogueira que ganhou o Oscar pelo roteiro da comédia "Juno".
O processo de transformação de nerd em "femme fatale" é descrito no livro autobiográfico "Minha Vida de Stripper", lançado recentemente no Brasil.
Num último rompante de transgressão de seus 20 anos, quando sua vida começava a tomar uma forma pacata e segura, com direito a emprego fixo e namorado carinhoso, Cody deixou de lado a educação feminista que recebeu para conhecer de perto a indústria do sexo.
Movida em parte por um interesse antropológico, em parte por sua própria perversão e pela vontade de quebrar convenções, ela passou a tirar a roupa por dinheiro aos 24 anos, com total aprovação e até incentivo do namorado.
Cody não era exatamente o estereótipo da garota que vive de seu próprio corpo: tatuada, com cabelo de "cuia", se considerava desajeitada e meio flácida. Mesmo assim, não resistiu ao anúncio de "noite amadora" em um clube de strip-tease de quinta categoria.
Depois da primeira noite, tomou gosto pela coisa e passou a encarar jornada dupla de trabalho: alternando as apresentações noturnas em inferninhos com o comportado emprego de digitadora em uma agência de publicidade.
Se Diablo Cody não chega a emocionar como escritora -apesar da agilidade e do humor ácido, sua narrativa é monocórdia e um pouco previsível-, o livro vale pelas situações insólitas do submundo do sexo pago e pela narradora desajeitada, auto-irônica e cheia de contradições, que nunca consegue explicar muito bem por que, afinal, abraçou a carreira de stripper.
Como boa parte dos escritores de sua geração, ela se arriscou primeiro na internet, registrando suas aventuras no blog "Pussy Ranch", que continua no ar, mas não é atualizado desde setembro do ano passado.
Atualmente, assina uma coluna na revista "Entertainment Weekly" e faz o roteiro da série "The United States of Tara", sobre uma dona de casa com múltipla personalidade, que é produzida por Spielberg e deve estrear nos EUA em janeiro.


MINHA VIDA DE STRIPPER
Diablo Cody
R$ 34,90 (224 págs.)
Ed. Nova Fronteira


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