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livros
Páginas do inferninho
Roteirista premiada de "Juno",
Diablo Cody narra sua vida de stripper em livro que chega agora ao Brasil
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Até os 24 anos, Brook
Busey-Hunt era
uma nerd roqueira
razoavelmente
bem-comportada.
Garota "de família", estudou
em colégios católicos, formou-se em estudos de mídia e redação criativa na universidade em
oito semestres e nunca roubou
um batom em lojas chiques.
Foi apenas quando se mudou
de Chicago para Minneapolis
-no gélido Estado americano
de Minnesota- para morar
com o namorado que acabara
de conhecer na internet que a
compenetrada Brook se transformou na stripper Diablo
Cody, que depois ficou conhecida como a blogueira que ganhou o Oscar pelo roteiro da
comédia "Juno".
O processo de transformação
de nerd em "femme fatale" é
descrito no livro autobiográfico
"Minha Vida de Stripper", lançado recentemente no Brasil.
Num último rompante de
transgressão de seus 20 anos,
quando sua vida começava a tomar uma forma pacata e segura, com direito a emprego fixo e
namorado carinhoso, Cody deixou de lado a educação feminista que recebeu para conhecer
de perto a indústria do sexo.
Movida em parte por um interesse antropológico, em parte por sua própria perversão e
pela vontade de quebrar convenções, ela passou a tirar a
roupa por dinheiro aos 24 anos,
com total aprovação e até incentivo do namorado.
Cody não era exatamente o
estereótipo da garota que vive
de seu próprio corpo: tatuada,
com cabelo de "cuia", se considerava desajeitada e meio flácida. Mesmo assim, não resistiu
ao anúncio de "noite amadora"
em um clube de strip-tease de
quinta categoria.
Depois da primeira noite, tomou gosto pela coisa e passou a
encarar jornada dupla de trabalho: alternando as apresentações noturnas em inferninhos
com o comportado emprego de
digitadora em uma agência de
publicidade.
Se Diablo Cody não chega a
emocionar como escritora
-apesar da agilidade e do humor ácido, sua narrativa é monocórdia e um pouco previsível-, o livro vale pelas situações insólitas do submundo do
sexo pago e pela narradora desajeitada, auto-irônica e cheia
de contradições, que nunca
consegue explicar muito bem
por que, afinal, abraçou a carreira de stripper.
Como boa parte dos escritores de sua geração, ela se arriscou primeiro na internet, registrando suas aventuras no blog
"Pussy Ranch", que continua
no ar, mas não é atualizado desde setembro do ano passado.
Atualmente, assina uma coluna na revista "Entertainment
Weekly" e faz o roteiro da série
"The United States of Tara", sobre uma dona de casa com múltipla personalidade, que é produzida por Spielberg e deve estrear nos EUA em janeiro.
MINHA VIDA DE
STRIPPER
Diablo Cody
R$ 34,90 (224 págs.)
Ed. Nova Fronteira
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